quinta-feira, 22 de março de 2012

O 'jeito' brasileiro

     A frase do ministro do esporte, Aldo Rebelo, em entrevista sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2014, publicada pelo Estadão, explica perfeitamente o que é o Brasil, seu custo. Sem mover um fio do bigode, o ministro não teve a menor cerimônia de afirmar que "o brasileiro tem um jeito próprio de organizar eventos e sempre entrega o que precisa".
     Perfeito, ministro. O custo dese jeitinho, dessa - digamos - 'característica cultural', no entanto, é deletério: corrupção, suborno e um escorchante sobrepreço em praticamente todas as obras realizadas pelo poder público. Como disse o deputado Romário, em entrevista recente, a próxima Copa tem tudo para ser a campeã em negociatas, justamente pelo atraso nas obras, que será contornado com aditivos.
     Basta ver o preço dos novos estádios. Só a reforma do Maracanã vai custar algo em torno de R$ 1 bilhão. Daria para construir três estádios iguais ao do Manchester United, um dos clubes mais ricos do mundo. Na África do Sul, o preço médio de um estádio ficou em torno de R$ 350 milhões.
     Sé essa constatação comprova o provável acerto das previsões ministeriais. Os estádios devem ficar prontos, sim. Alguns aeroportos também vão apresentar condições menos infamantes. Mas e o custo, para o país, dessa aventura megalomaníaca?
     É ultrajante saber que nosso Governo compactua com o tal 'jeitinho' brasileiro, apresentado como algo engraçadinho, malandro. Não é, ministro. A leniência com esse tipo de comportamento é a grande responsável pela crise moral que afeta o país, paralisado há quase dez meses em função de escândalos em todos os escalões da República.

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