segunda-feira, 12 de março de 2012

Pimentel e a ética

     Ainda não sabemos o teor do relatório do conselheiro Fábio Coutinho, da Comisão de Ética Pública da Presidência da República, sobre a continuação, ou não do processo contra o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, acusado de comportamento indevido no período entre sua saída da Prefeitura de Belo Horizonte e a entrada, formal, na campanha da presidente Dilma Rousseff, como seu coordenador. Espero que a ética prevaleça, embora não acredite. Segundo O Globo, o relatório deve ser divulgado ainda hoje.
     Em poucos meses, Pimentel recebeu algo em torno de R$ 2 milhões para, literalmente, nada fazer. A maior parte dessa dinheirama foi paga pela Federação das Indústrias de Minas Gerais, a título de remuneração por consultorias que jamais foram feitas. O ministro, assim que o caso foi divulgado, tentou explicar o inexplicável, contando com o apoio da direção da entidade. Mas logo ficou provado que Pimentel não fez, sequer, uma das dez palestras pelas quais foi pago.
     Coincidentemente, nesse mesmo período, foram aprovados projetos junto à prefeitura da capital mineira, ocupada por um correligionário do ministro. Desmascarado, Pimentel condenou-se a um período de retiro, evitando aparições públicas que provocassem o tema. Essa é uma tática comum entre personalidades públicas, que apostam no tempo para sepultar acusações.
     O Globo  que levantou a questão, na época, lembra que a gestão do atual ministro à frente da Prefeitura foi marcada por uma relação não muito republicana com empresas mineiras, o que continuou na gestão do atual prefeito, Márcio Lacerda (PSB), graças à manutenção de auxiliares da administração anterior.
     Fernando Pimentel é um dos ministros da chamada 'cota pessoal' da presidente Dilma. A aceitação das denúncias contra ele poderá provocar mais um arranhão na imagem do governo, atingido, ano passado, por uma série inédita de escândalos envolvendo personagens do primeiríssimo escalação da República. E não podemos esquecer que vivemos um ano eleitoral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário