quinta-feira, 15 de março de 2012

Mares de esgoto

     A Chevron, multinacional que andava explorando e derramando petróleo país afora - nos contam os principais jornais, em manchetes -, decidiu suspender o trabalho, ao constatar novo vazamento, na Bacia de Campos. É uma decisão extrema: ou para, e tenta recomeçar em melhores condições técnicas, ou desaparece sob o peso de multas eventualmente bilionárias.
     Essa decisão me fez imaginar outra hipótese para um dos maiores - se não for o maior - poluidor nacional: o Estado Brasileiro, incluídos federação, estados e municípios. Já imaginaram se a prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, fosse multada a cada 'maracanã de esgoto' que despeja na Baía da Guanabara, diariamente? Ou a cada 'engenhão de porcarias' que escorre para as lagoas de Jacarepaguá e, delas, para o mar da Barra?
     Pois é isso que acontece nessa nossa heroica cidade, atingida há um bom par de anos pela irresponsabilidade de administradores que compactuaram com o crescimento desordenado e com o inconsequente caos urbano.
     Poucos cariocas e turistas se dão ao trabalho, por exemplo, de fazer uma simples consulta sobre as condições de balneabilidade das nossas praias. Se o fizessem, não se arriscariam em mergulhos. Recentemente, O Globo destacou que elas - especialmente as sempre lotadas e badaladas Copacabana, Ipanema e Leblon - ostentam, na maior parte do ano, condições impróprias para o banho. Em bom português: são mares de excrementos.
      Com a inconsequência dos que se sabem inimputáveis, prefeito e governador - não necessariamente nessa ordem - anunciaram recentemente que as praias da Zona Sul ficarão livres do esgoto até 2014, como se isso fosse uma grande conquista, e não a admissão da mais absoluta incompetência da área de saneamento. As demais, na Ilha do Governador e Baía de Sepetiba, ficam para depois. A rigor, a notícia deveria ser outra: teremos mais dois verões, pelo menos, afogados em cinco letras que fedem.

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