segunda-feira, 5 de março de 2012

Da Ilha a Grumari

Grumari, num dia da semana passada. Um paraíso na Zona Oeste
   

     A postagem de uma foto de Grumari, praia vizinha à região de Guaratiba, me fez lembrar do meu primeiro contato com o mar. Não, não nasci no interior. Sou do Rio de Janeiro, mesmo. Nasci, até certo ponto, perto do mar, ali no bairro da Saúde, quase às margens da Baía da Guanabara. Mas fui muito cedo para o subúrbio de Marechal Hermes, onde mergulhava, apenas, nos campos de pelada.
     Como jamais tivemos carro - meu pai sequer era habilitado -, nem sobras financeiras para outras folganças, meu mundo girava em torno do futebol (o ano todo, com chuva ou sem chuva) e das pipas (especialmente nas férias de fim de ano), com incursões nos jogos de botão, bola de gude (triângulo e mata-mata) e piões. Sem televisão para exibir a beleza dos mar, sabíamos (os moleques do meu tempo de moleque) que havia um lugar especial ao qual chamavam praia, de água salgada e areia fina. Mas não ligávamos muito para ele.
     Minha primeira vez - e esses fatos jamais esquecemos - aconteceu na Ilha do Governador, no Jardim Guanabara, de águas ainda limpas. Suburbano assumido, as incursões seguintes foram dirigidas a Sepetiba, onde cheguei, também pela primeira vez, a bordo do caminhão do Cunha, mais um dos muitos portugueses que moravam nas minhas vizinhanças. Acho que já me referi a essa passagem um vez: eu fui à praia de caminhão, tinha lá meus 13 anos.
     Mais tarde, já entrado na adolescência, aprendi os caminhos que levavam às praias da Costa Verde: Mangaratiba, Muriqui, Praia Grande, Ibicuí. Íamos - eu e um grupo de amigos que mantenho até hoje - de trem, o Macaquinho, com seus vagões de madeira, que pegávamos em Deodoro, subúrbio ao lado e onde os trilhos da velha Central do Brasil se dividem entre os ramais de Santa Cruz e Paracambi.
     Copacabana, Ipanema, Leblon? Não, não faziam parte do nosso roteiro. A Barra da Tijuca, sim, acabara de ser introduzida nos nossos destinos. Chegávamos lá de ônibus, pela Estrada Velha (único acesso), saindo da estação de Cascadura. Algum tempo depois, no início dos anos 1970, já motorista e orgulhoso proprietário de um Fusca 1969, azul, desbravava a Via Alvorada, um caminho de terra, sem iluminação e com pontes de madeira. A Alvorada (para os mais jovens) é a atual Avenida Ayrton Senna.
     Acreditem. O Rio já foi assim.

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