terça-feira, 20 de março de 2012

Brasil 'descobre' a corrupção

     Parece que o Brasil descobriu, domingo passado, durante a exibição de uma ótima reportagem do Fantástico (Rede Globo), que existe corrupção. Foi um escândalo. No dia seguinte, ministros, delegados e políticos em geral mostravam toda a sua indignação contra quatro empresas que prestam serviços a órgãos públicos da área de saúde.
     "Vamos investigar e punir com rigor", bradaram nossas autoridades, ontem, em grande parte do Jornal Nacional, que dedicou um generoso espaço ao que, nas redações, chamamos de 'suíte' do caso (continuação, complemento). Os R$ 130 mil que uma funcionária qualquer disse que pagaria de comissão em um trabalho que custase R$ 1,3 milhão transformaram-se em um símbolo do mal.
     O Ministro da Justiça (?), José Eduardo Cardoso, com o ar mal-ensaiado de justa revolta, exigiu providências, secundado pelo multifuncional ministro da Educação (???), Aloísio Mercadante, aquele mesmo que foi acusado recentemente de forjar uma 'tese' de mestrado que não deveria - segundo 'especialistas' - sequer ter sido levada em consideração. Até o desprestigiado vice-presidente, Milton Temer, teve seus segundos de fama ao nada dizer, literalmente.
     Nem parece que os atos de corrupção envolvem, justamente, órgãos governamentais, aparelhados pelo Governo há nove anos, como jamais na história do país. E mais: comissões de 10%? Pouco mais de R$ 100 mil de propina? Que mundo 'ideal' é esse?
     O assalto aos cofres públicos durante essa continuada gestão petista transcende, em muito, esses valores e percentuais. Só o Mensalão pago pelo Governo Lula superou com folgas a barreira dos R$ 90 milhões, segundo investigações preliminares. No ano passado, uma penca de ministros 'pediu demissão' no rastro de escândalos milionários.
     A corrupção, que sempre existiu no país, de forma endêmica, virou uma pandemia, alimentada pela volúpia dos ataques às fontes de verbas públicas. A situação é tão drástica que um deputado federal, no caso, Romário, denuncia, formalmente, que vamos assistir "ao maior roubo da história", durante os preparativos finais para a Copa de 2014. E o Governo se cala.
     E, como sabemos, quem cala, consente.

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