terça-feira, 20 de março de 2012

Um chute na nossa inteligência

     A 'Lei Geral da Copa', que atropela nossa legislação e abre uma enorme brecha no controle dos gastos públicos, pode ser votada ainda hoje, segundo O Estado de São Paulo. A 'base aliada' - aquele grupo de pessoas e partidos sem a menor identidade ideológica, mas coeso em torno de emendas e cargos - decidiu manter o texto sugerido pelo Governo, que ignora, em especial, o Estatuto do Torcedor, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádio de futebol durante jogos.
     O novo entendimento dessa turma é o mais vigarista possível e bem afinado com o clima de chantagens que impera em Brasília: o sacrifício de afrontar a Lei ficaria com os governos estaduais, sob pena de perderem a chance de sediar algum jogo. De acordo com a 'lógica' do deputado Jilmar Tatto, líder petista, é claro, reproduzida pelo jornal, os governadores da época (2007) em que o Brasil foi escolhido para receber o Mundial de 2014 foram cúmplices - ele não usou essa expressão, que é minha, apenas - do ex-presidente Lula, que prometeu o que não podia e não devia, com a irresponsabilidade comum aos que se sentem inimputáveis.
     Essa gente sabe que governador algum terá coragem de abrir mão de jogos da Copa, independentemente do partido político ao qual esteja filiado. Sabe, também, que o apelo barato à 'paixão' do brasileiro é um instrumento fácil e barato, com todas as chances de receber o apoio da 'galera'. Com essa guinada, que agride a inteligência dos que a tem, o Governo Federal vai tentar sair da armadilha jurídica em que se colocou. Fica livre de afrontar diretamente a Lei, justamente ele, Governo, guardião da Constituição, e passa a bola - no fogo - para os governadores.
     O tal do Jèrôme Volcke, secretário-geral da Fifa e que vai continuar, sim, na coordenação do Mundial, sabia bem que traseiro estava chutando.

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