sexta-feira, 23 de março de 2012

O jeito brasileiro de governar

     A transposição das águas do Rio São Francisco, destinada a minimizar os efeitos da seca no semiárido nordestino, é um exemplo inacadado do "jeito brasileiro" de fazer obras, elogiado ontem pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em mais uma das suas desastrosas declarações. A repórter Marta Salomon, de O Estado de São Paulo, nos conta que, além do atraso (a inauguração estava prevista para o ano retrasado), vai custar mais R$ 3, 4 bilhões aos cofres públicos, um reajuste que chega a 71% do valor previsto.
     Em qualquer lugar decente do mundo, esse escândalo - é um escãndalo, não se dicute - soterraria o presente e as pretensões políticas futuras de governantes e afins. Aqui, no país onde um líder da Oposição pede ajuda financeira a criminosos, não há consequências, responsabilização. A Transposição - projeto que já era acalentado pelo imperador Pedro II - ainda vai demorar mais quatro anos para ser concluída (se o for), a um preço estimado, hoje, em R$ 8,2 bilhões.
     Não há sobressaltos maiores. No fim, o dinheiro vai sair do bolso do contribuinte. Não há punições, exigências de ressarcimento, processos criminais. Seguimos no 'jeito brasileiro' de tocar obras. No reportagem do Estadão, somos lembrados que os custos da construção civil, no país, cresceram em torno de 7%, contra o reajuste de mais de 70%  no preço da obra.
     De acordo com a matéria, o Ministério da Integração, responsável pelo projeto, ainda argumentou que foram necessárias adaptações, provocadas pela pressa e falta de detalhamento no início das obras.
     E ninguém vai preso.

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