sexta-feira, 30 de março de 2012

Em defesa do rito sumário

     A Justiça, aprendemos desde cedo, tem seus ritos, seu andamento, sua liturgia. Para que seja 'justa', não pode ser aplicada com açodamento, sem amplo direito de defesa, sem que sejam esgotadas as investigações e a produção de provas. Mas, ainda assim, consciente de tudo isso, acredito que atos como o do ainda senador Demóstenes Torres (DEM-GO) deveriam ser punidos imediatamente. Em primeiro lugar, com a cassação de seu mandato, ou a suspensão pelo tempo que fosse necessário à apuração completa dos fatos.
     O que está em jogo, em casos como o dele, é a própria essência da democracia, que precisa de um Legislativo íntegro, decente, que divirja ideologicamente, mas que não transija com atos deploráveis, com comportamentos que agridem o decoro e ofendem a Nação.
     Não há argumentos contra o que foi apresentado até agora. E muito mais ainda será descoberto, adiante. Não há dúvidas quanto ao mergulho na lama que foi dado pelo ainda senador, justamente um daqueles que se apresentavam como zeladores da decência. As imagens de sua saída do Senado, às pressas, acuado, sem esboçar uma reação sequer, são definitivas. Ele já não é mais senador. É apenas o parceiro de um criminoso.
     Ao se aliar a um notório contraventor, Demóstenes Torres revelou a face mais sórdida que um representante do povo pode ter. Não merece, ao menos na esfera política, direito a protelações e artifícios legais. Sua execução deveria obedecer a um rito sumário, para preservar o pouco de dignidade e respeito que a população ainda devota ao Congresso em geral.

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