sexta-feira, 23 de março de 2012

Tolerância inaceitável

     Não há, mesmo, limites para a capacidade de nossos políticos envolverem-se em escândalos, vigarices, atos desabonadores. O mais recente aponta para um dos luminares da Oposição - seja lá o que isso for no Brasil -, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que se anunciava como um combatente intransigente dos malfeitos e quetais do Governo e da turma da base de conchavos. Logo ele, que deveria conhecer os limites da promiscuidade com criminosos, promotor de Justiça que é.
     A divulgação de suas conversas com o contraventor Carlinhos Cachoeira, condenado recentemente a oito anos de prisão, são suficientes para envergonhar o mais tolerante dos indivíduos. "Nós somos amigos", disse, há alguns dias, Sua Excelência, como se a amizade justificasse seu comportamento. Entre outras coisas, Demóstenes Torres pediu candidamente ao banqueiro do jogo do bicho que pagasse a conta de uma viagem com avião fretado. Uma bobagem de uns R$ 3 mil.
     Suas ligações telefônicas - todas gravadas com autorização da Justiça - também revelariam (segundo nossos jornais, O Globo em especial) que o senador andou repassando ao 'amigo' informações confidenciais adquiridas no exercício do mandato, envolvendo questões de segurança e justiça. Um comportamento execrável, que deveria merecer um imediato pedido de cassação, a bem do pouco de dignidade que ainda resta no nosso Legislativo.
     Até agora, no entanto, não observei reações mais incisivas contra o digno prócer oposicionista, nem mesmo dos partidos da situação. Ao contrário. O noticiário destaca alguns pedidos das direções partidárias para que o caso não seja explorado, como deveria. Entendo essa conduta. Não se fala de corda em casa de enforcado. Especialmente em uma casa de tanta tolerância.

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