segunda-feira, 19 de março de 2012

Poluindo a verdade

     Dezoito anos depois de lançado - e depois de ter consumido alguns bilhões de reais, praticamente sem efetividade -, o velho Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, lançado em 1994, volta às manchetes, com fantasia nova. Batizado, agora, de Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara, vai receber cerca de R$ 800 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
     Dinheiro novo para fazer o que já deveria estar pronto e acabado, não por vontade ou arte dos governantes, mas por ser uma obrigação prevista na Constituição estadual, jamais cumprida. O governador Sérgio Cabral - segundo nos conta O Globo - vai assinar o contrato com o BID amanhã, em Montevidéu. O saneamento da Baía é um compromisso formal do Estado e deve estar concluído até 2016, quando da realização da Olimpíada.
     Duvido que consigamos chegar perto. Atualmente, apenas a quarta parte do esgoto produzido na Região Metropolitana do Estado recebe algum tratamento. O restante é jogado na imensa latrina em que se transformou a Baía.
     Ao invés de comemorar mais esse acordo, que chega com enorme atraso (nos compromissos anteriores, o Estado não cumpriu a contrapartida exigida pelos organismos internacionais), o governador deveria pedir desculpas à população pela inoperância registrada nos últimos anos.

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