sexta-feira, 9 de março de 2012

Receita infalível: verbas e cargos

     Pelo que lemos em todos os jornais hoje, e a Folha é um deles, devem ser reabertos em breve os canais que unem o Governo e os partidos da tal 'base de sustentação', seja lá o que isso for (eu costumo dizer que essa tal base é um saco de gatos ideológico, que também acolhe ratos). À 'insurreição' do Senado, que vetou a indicação pessoal da presidente Dilma Rousseff para a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres, o Governo responde com a liberação de emendas, sinônimo para distribuir dinheiro.
     Nada a estranhar. É assim que o Brasil estabelece a tão badalada governabilidade: pagando por ela, em cargos e em espécie, principalmente em um ano eleitoral como o que estamos vivendo. Não há ideário político em jogo nesse embate entre semelhantes. Muito menos preocupações com o comportamento administrativo, seriedade no trato dos bens públicos. É uma simples e rasteira disputa de interesses.
     Não houve 'tensões' nessa relação do governo com seus 'aliados' quando o tema foi, por exemplo, a ridícula taxa de crescimento do PIB, ou a vergonhosa subserviência às chantagens da Fifa, para garantir a realização do Mundial de 2014. Já nem falo nos escândalos em série produzidos pelo atual governo, pois deles fazem parte nobres representantes da nossa classe política.
     A única questão que parece mobilizar, de fato, nossos congressistas é o dinheiro. A chave para o bem-estar político no país está na liberação de verbas, no preenchimento de cargos nos muitos escalões dessa nossa pobre República. A receita é infalível e vem sendo aplicada com determinação nos últimos anos. Governar passou a ser sinônimo de lotear e pagar, não necessariamente nessa ordem.

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