domingo, 18 de março de 2012

O 'império' britânico

     A ótima repórter Mariana Timóteo da Costa presta aos brasileiros, em especial, um inestimável serviço, com a reportagem sobre as Ilhas Falklands (que ela e os argentinos chamam de Malvinas) publicada em O Globo. O Patriota que comanda nossas Relações Exteriores deveria usar meia hora de seu domingo para tentar entender o que é o arquipélago e o que pensam seus três mil habitantes.
     Ele veria que Mariana, em duas páginas isentas e sóbrias, deixou claro que o Brasil vem errando a mão, mais uma vez, como vem sendo comum no Itamaraty, ao defender as pretensões argentinas sobre o arquipélago, por um obtuso e ultrapassado sentimento 'antiimperialista' e por uma adesão ideológica e pueril a um regime que se diz de esquerda, mas que não passa de populista, barato e bolorento.
     Os kelpers, como são chamados os habitantes das Falklands são unanimemente britânicos, há muitas gerações. Repudiam qualquer intervenção argentina, país que veem como agressor e violento. Eu já havia tratado desse tema há algum tempo, em alguns textos. Em síntese, escrevi que o governo argentino sabe que não tem a menor chance de ocupar as ilhas, mas usa esse tema para unir a população contra um 'inimigo comum', a Inglaterra, apontada como um império do mal. Uma tática diversionista empregada normalmente para ocultar fracassos e justificar atitudes contra a liberdade, como ocorre no país vizinho.
     Há, nas Falklands, o temor de um ato desajustado, como o perpetrado pela ditadura militar argentina, em 1982, que redundou na morte de quase 500 pessoas e na derrota vergonhosa do país no conflito armado contra a Inglaterra. Os militares que controlavam o país acreditavam que uma vitória na guerra ajudaria a perpetuação do regime, um dos mais assassinos da história recente. Perderam a batalha e o poder.
    Cristina Kirchner, na verdade, não pretende ir à luta, de fato. Sua briga verdadeira é dirigida contra a liberdade de imprensa, contra os críticos de um modelo político que cheira a naftalina, baseado no culto de personalidades e num vago e demagógico estímulo à luta de classes.
     A Argentina, que já foi um símbolo de desenvolvimento econômico e cultural, hoje derrapa na mediocridade política, no caos financeiro, nas denúncias de corrupção e na vulgaridade ideológica.
     Os ingleses estão querendo explorar as riquezas naturais da região? E os argentinos querem o quê?

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