sexta-feira, 9 de março de 2012

Atentado à inteligência

     O vetusto e normalmente sério Estadão presta, hoje, um enorme desserviço à informação, com um texto sobre "o fim da greve na USP". Para começar: existia greve, no sentido mais amplo da palavra? Na verdade, duas ou três dúzias de 'estudantes' não estavam assistindo às aulas em um determinado curso (Filosofia e congêneres), em protesto pela desocupação do prédio da Reitoria, em novembro passado - invadido por um bando de arruaceiros mascarados -, e contra a presença de policiais militares no campus.
     Alguém que chegasse hoje ao país e lesse o jornal para se informar, receberia uma lição de como não se fazer uma notícia. A começar pela forma vaga da primeira frase: "Estudantes da USP decidiram, em assembleia na noite desta quinta-feira, encerrar a greve iniciada há exatos quatro meses". A oração seguinte é ainda pior. Parece saída de um boletim da CUT: "No entanto, eles (os 'estudantes') já marcaram uma reunião para o dia 20, quando será votado um novo indicativo de paralisação". Notaram? 'Indicativo de paralisação'!!!
     E por aí segue o panfleto - perdão, a 'reportagem' -, que reproduz o 'pensamento' de um integrante de uma tal comissão gestora do DCE, que está apostando em uma greve geral.
     Pelo conteúdo das faixas que estenderam na época dos ´protestos', seria bom que os jovens grevistas tivessem aproveitado esse tempo de ociosidade para estudar português. Sempre é tempo para aprender a acentuar, fazer concordância. Coisas assim, bem primárias, como o texto do jornal.

PS: Será que o Estadão está em greve contra a informação?

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