terça-feira, 14 de agosto de 2012

Uma quadrilha bem ensaiada

     Todos eles são tão inocentes, puros, confiantes. O dinheiro que foram buscar pessoalmente (mas não queiseram assinar recibo), mandaram suas mulheres ou seus auxiliares caiu do céu, enviado por algum anjo da guarda preocupado com suas finanças, alquebradas pelos gastos nas campanhas eleitorais. "Quem disse que o dinheiro era legal foi o Delúbio", alegam uns, sabendo que o ex-tesoureiro do PT vai calar. "O culpado foi ele", reverberam determinador acusados, referindo-se a um deles, que já morreu e, portanto, não vai reclamar. "Era um acordo que tínhamos com o PT", garantem outros. "Caixa 2", bradam todos, em alto e bom som, como um coral (uma quadrilha, seria a expressão mais acertada) bem ensaiado.
     E não há sinais evidentes de que alguém diz essas vigarices com pudor ou um leve sinal de rubor nas faces. A desfaçatez dos envolvidos no maior assalto institucionalizado aos cofres públicos - o espisódio que ficou conhecido como o Mensalão do Governo Lula - não parece ter limites. Roubaram e mentem (levando-se em conta as 50 mil páginas da peça acusatória aprsentada pela Procuradoria-Geral da República) com a indignidade de mafiosos inescrupulosos. E o que é mais grave: sabendo que contam com a indulgência de uma parte significativa dos 'fazedores de opinião', comprados quase todos pelo mesmo dinheiro que irrigou o episódio que está sendo julgado.
    
     É possível - tudo é possível em um julgamento -, sim, que alguns saiam livres, ou com uma leve palmada retórica. Mas é improvável que os principais mentores e executores do grande golpe nas instituições escapem de condenações duras, incluindo cadeia. É o que a opinião pública espera, não como vingança, mas com uma expectativa de resgate de um pouco da decência que tanta falta faz a essa infeliz República.
     O Brasil não pode se imaginar grande, um dia, sendo tolerante com criminosos do porte dos que estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal. É preciso que haja determinação dos juízes, coragem para enfrentar a máquina petista - governamental, por extensão - de calúnias e chantagens. Já é muito ruim que o principal responsável por tudo, o ex-presidente Lula - nas palavras do presidente do PTB, Roberto Jefferson, seu antigo parceiro de almoços e quetais no Planalto e a quem daria um cheque em branco - esteja livre. Seria devastador que seus imediatos escapassem também.

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