quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Baderneiros com fé publica

     Há alguns dias, a Via Dutra foi fechada criminosamente por motoristas arruaceiros, nas imediações do Rio. Hoje, está interrompida, nas proximidades de São Paulo, por baderneiros da Polícia Rodoviária Federal, justamente os que são pagos para garantir a lei nas estradas. Dos dois episódios fica uma certeza: estamos vivendo dias de desrespeito aos direitos do cidadão - entre eles o de ir e vir -, com a conivência covarde do Governo, que age sempre de olho nas disputas eleitorais, temendo desgastes.
     Há muito tempo defendo uma tese: quem usa arma (e tem fé pública) abre mão do direito de greve e/ou manifestações extremadas. Há meios e caminhos para agentes da Lei pleitearem aumentos salariais e melhores condições de trabalho. E todos devem ser esgotados. Ao fecharem a principal ligação entre dois dos mais importantes estados da Federação, policiais rodoviários federais estão usando claramente um arsenal impróprio.
     Imaginemos, por exemplo, que tivéssemos um governo que valoriza o primado da Lei e os direitos constitucionais. Sua obrigação seria liberar a estrada, de qualquer maneira. Estaria montado o cenário para um enfrentamento que poderia causar sérias consequências. É nisso que esses 'agentes da lei' apostam: no medo do que poderia acontecer caso fossem tratados como baderneiros que são.
     Chantagens como essa são inconcebíveis, ou estaremos admitindo que os componentes das Forças Armadas poderiam, eventualmente, sair pelas ruas desfilando suas diferenças com os governos. Ou ocupando avenidas com seus carros de combate, para pedir aumento de salário.

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