quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A hora de João Paulo Cunha

 
     Já escrevi certa vez que o deputado federal João Paulo Cunha, do PT de São Paulo, a quem não conheço, faz parte da minha lista de dez políticos brasileiros que eu mais desprezo. Lista - acho que jamais deixei dúvidas - encabeçada pelo ex-presidente Lula. Não se trata de um sentimento dirigido às pessoas, em si. Mas ao que representam, à dimensão de seus atos no exercício de funções públicas.
     Portanto, me senti razoavelmente recompensado ao ler, ver e ouvir o voto do ministro Joaquim Barbosa, no qual ele soterra as alegações do então presidente da Câmara, concluindo que ele cometeu, sim, peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sendo, então, passível de uma condenação exemplar.
     O voto não poderia ser diferente. João Paulo protagonizou, na época do Mensalão do Governo Lula, cenas capazes de justificar sua imediata cassação. Escapou, apesar das provas, graças ao espírito de corpo que prevalece no Congresso, onde muitos agem, hoje, pensando em cobrar amanhã. Sua mulher fora flagrada recebendo - em seu nome - R$ 50 mil em espécie, na boca de um caixa do Banco Rural, em Brasília.
     Sem saber o que dizer e ainda não orientado devidamente, o deputado saiu-se com diversas versões para o fato, uma delas assustadora, pela mediocridade: sua mulher teria ido ao banco pagar a conta da tevê por assinatura. Mudou a versão, mais tarde, até chegar ao texto atual, semelhante ao dos demais quadrilheiros em julgamento: caixa 2, um dinheirinho para pagar as contas da campanha eleitoral.
     Não se trata, como sempre alegaram os representantes dessa Era Lula, de conversa de oposição. Joaquim Barbosa foi indicado para o STF pelo PT, que - vê-se agora - sonhava com alguém cordato, suscetível à vigarice dos discursos demagógicos.
     Se vai ser condenado, ou não, é outra questão. Vai prevalecer a opinião do colegiado, mas a contundência do relator certamente vai influenciar o resultado. Embora necessariamente independentes para manifestar suas opiniões, os ministros - em sua maioria - têm entendimentos semelhantes. E será complicado explicar à Nação como alguém tão pesadamente acusado pode sair ileso de um julgamento.
     Acredito que a hora de João Paulo chegou. Fico imaginando o voto em relação a José Dirceu, por exemplo.

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