sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Eu aposto na Justiça

     Eu me recuso a entrar nessa dicussão e, como se estivesse na arquibancada de São Januário, xingar os juízes que deixam de marcar 'pênaltis' a favor do meu time - no caso, o que torce pela condenação exemplar dos 38 quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos, no episódio que ficou conhecido como Mensalão. Ou aceitamos que a mais alta corte de justiça brasileira é composta por homens dignos, ou seremos obrigados a admitir que o Brasil não é e jamais será um país honrado.
     A pressão sobre o ministro José Carlos Dias Toffoli para que se declare impedido de participar do julgamento, por ter advogado para o PT e trabalhado sob as ordens do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, não faz bem à democracia. Um jurista que chega a essa posição deve ser idôneo o bastante para sufocar sentimentos pessoais e não deixar que eles se sobreponham à Lei, ao juramento de zelar pelo Direito e pelça Constituição.
     Na função, como advogado dos quadrilheiros e do PT, o atual ministro tinha a obrigação de exercer a defesa absoluta. Togado, não posso imaginar que se deixe levar pelos azares da paixão. Participar de um colegiado como o do Supremo Tribunal Federal, a última e derradeira instância legal - imagino -, transcende à pequenez de uma relação menos nobre, de sentimentos partidários.
     O olhar sobre a questão - e isso é inevitável - pode eventualmente ser mais doce, mas não enxergo a hipótese de ser necessariamente vesgo. O voto de Toffoli, assim como os dos demais dez ministros, deve ser respeitado e aceito como originado na sua mais profunda consciência.
     Ao se colocar em dúvida, de antemão, o poder de justiçamento do ministro, está-se fazendo o jogo dos que - na equuipe dos acusados - tentam desmerecer qualquer resultado que não seja o da sua absolvição. Prefiro acreditar na Justiça. Ou perderia de vez a esperança de ver o Brasil se passar a limpo.

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