domingo, 12 de agosto de 2012

A vigarice é uma arte

     Parodiando Ataulfo Alves, depois de ler as 'interpretações' que a compaheirada vem dando ao julgamento do Mensalão do Governo Lula, diria, sem medo de errar: "Pois é, a vigarice dessa gente é uma arte". A mais recente descoberta da turma que não se envergonha em defender ladrões - a maioria é bem paga para isso, com dinheiro público, é claro - é que o dito mensalão nunca existiu.
     E, se não existiu, toda a quadrilha subchefiada pelo ex-ministro das Casa Civil, José Diceu - de acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da república, documentada e explicitada em mais de 50 mil páginas - deve ser absolvida. A turma que apoia ladrões estrutura todo o seu - digamos - 'raciocínio' em uma linha: não havia um pagamento mensal, nos moldes tradicionais. Portanto, não havia o mensalão.
     É o exercício mais vagabundo de uma retórica desmoralizada. Mensalão - e todos eles sabem muito bem disso - foi o nome que sintetizou o assalto institucionalizado aos cofres públicos, para pagar o apoio de partidos amigos, bancar candidaturas (inclusive a do ex-presidente Lula, como confessou o publicitário Duda Mendonça!!!) e encher os bolsos dos amigos mais chegados, quase todos do PT.
     Houve - e não posso acreditar que pessoas decentes duvidem desse fato - um bem-estruturado esquema que tentava legalizar o dinheiro roubado da Nação, através de contratos fictícios com as empresas do publicitário mineiro Marcos Valério. O dinheiro saía principalmente do Banco do Brasil e, depois de 'aquecido', ia parar nas mãos da turma, não necessariamente mês a mês, o que seria , apenas, um mero detalhe.
     Explicitando seu desprezo pela inteligência da população, ficamos sabendo - pela companheirada - que o advogado do ex-deputado e atual presidente do PTB, Roberto Jefferson, vai alegar que seu cliente 'mentiu'. De fato, o tal advogado deve centrar sua defesa na existência de caixa 2, aquele crimezinho safado que já está prescrito. E que o ex-comensal do Palácio do Planalto não recebeu pagamentos mensais, mas uma 'ajuda' do PT, como ficara combinado quando negociou seu apoio ao então presidente Lula..
     Vejam bem a que ponto chega a pilantragem. O inimigo visceral de ontem, o homem que desmoralizou o mandato e denunciou as safadezas do então braço direito de Lula, passa a ser a grande referência para inocentar a todos. É o cúmulo da desfaçataz, da falta de caráter, e explica por que ainda somos considerados uma nação corrupta, o país do jeitinho safado, das propinas ao guarda da esquina.
     O Supremo Tribunal Federal tem a grande chance de dar início a uma nova fase da nossa existência. Torço muito para que o julgamente termine em cadeia para todos os comprovadamente ladrões, independentemente do matiz 'ideológico' ou de um discutível passado de lutas.

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