sábado, 18 de agosto de 2012

Abaixo os suecos ...

     Sou naturalmente atraído por esse tipo de tema, pela enorme carga de contraditório que carrega. Estou me referindo à cruzada bananeira pela concessão de asilo político a Julian Assange, promovido a representante maior das esquerdas, em virtude da divulgação de informações secretas americanas. De um momento para outro, o aprendiz de ditador Rafael Correa, presidente do Equador, se transformou num ícone da liberdade de imprensa, do direito à informação e todos os etecéteras que possam ser aplicados. E já volto a esse 'detalhe'.
     Ao mesmo tempo, a Suécia - logo a Suécia!!! - vem sendo acusada de ser um mero joguete do imperialismo e que, ao exigir a extradição do fundador do WiliLeaks, o rei Gustavo V (é uma imagem!!!) nada mais seria do que um misto de agente da CIA e do FBI. A estupidez ideológica é tão grande que a companheirada, em especial, não para um segundo para pensar que o cabra é acusado de estupro - é isso mesmo, estupro -, e não de ser um guerreiro da informação. Vale tudo, quando o 'inimigo' mora logo acima do Rio Grande.
     Nessas horas, até o companheiro Obama - a quem eu admito profundamente e em quem votaria, se americano fosse - é convenientemente ignorado. Prevalece a velha e monumental mediocridade, o complexo de vira-latas dos anos 70, o "ianques, go home", o indisfarçável cheiro de naftalina.
     E o Reino Unido? Pedrada nele, composto historicamente por bucaneiros e - pecado dos pecados - algoz dos argentinos, no caso das Ilhas FalKlands, que nós e Cristina Kirchener insistimos em chamar de Malvinas, contra a expressa manifestação de 99,99% dos kelpers, como são conhecidos os habitantes do arquipélago. É verdade que a tal declaração sobre a possibilidade de invadir a embaixada equatoriana e prender o estuprador não foi das melhores peças produzidas pela Coroa, embora o ato, em si, pudesse ser considerado legal, de acordo com as leis britânicas - queiramos nós, ou não. Inconveniente, a lembrança deixou a patriotada alvoroçada.
     Mas voltemos a Rafael Correa, o novo defensor perpétuo da liberdade de imprensa. O Globo de hoje, envergonhado, lembra o deplorável passado recente desse presidente digno de chanchadas. Perseguiu jornalistas, processou jornais, pediu a prisão de adversários, solapou. Tudo o que um ditadorzinho de segunda classe faz, sem que houvesse a menor manifestação contrária dos nossos combatentes da democracia.
     Para compensar - e reproduzo parte da avaliação publicada em O Globo -, seus marqueteiros imaginaram esse golpe de mestre: surgir para o mundo como um libertário. E a ideia foi logo comprada pela turma dessa cada vez mais lamentável comunidade latina da América. A bobagem britânica - inesperada - ajudou a atiçar a bananice latente nessa parte do mundo.
     É mais um caso de vigarice ideológica a serviço da demagogia. Um caso clássico de insensatez na defesa de um acusado de estupro - ou o fato de ter divulgado segredos americanos seria um atenuante? E já ia esquecendo: o tal argumento jurídico para concessão do asilo não é válido nas relações internacionais estranhas aos Estados Americanos. É coisa nossa, para ajudar dirigentes pilantras a escapar da cadeia.

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