quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Não se pode elogiar ...

     A presidente não me dá tempo de encontrar algo bom - a admissão de que está se rendendo aos fatos, ao privatizar setores nos quais tem se mostrado absolutamente incompetente - nesse seu trágico governo repleto de roubalheiras (sete ministros e uma penca de diretores de segundo escalão demitidos em um ano!!!), e já desanda a falar bobagens, recuperando, sem citar expressamente, a tal 'herança maldita' inventada por seu guru, o chefe do chefe do Mensalão.
     Quando ela fala em recuperar erros passados, esquece que faz parte de um governo que há quase dez anos (não são dez meses ...) vem somando desastres administrativos e éticos. Essa gente não tem cura. Ontem o ministro da Educação (???), Aloísio Mercadante, ao 'analisar' o último perfil da nossa educação, teve o desplante de receitar medidas, como se o mundo acabase de ser inventado. É outro esquecido que, em quase uma década, o grande feito educacional do governo foi sucatear o ensino superior e quase destruir o Enem e a língua portuguesa.
     É óbvio que houve um erro estratégico quando o Brasil optou por valorizar as estradas, em detrimento das ferrovias. Mas essa distorção tomou forma quando o país começou a olhar para dentro e viu-se na necessidade de abrir caminhos. Na ótica de Washington Luiz, presidente deposto em 1930 por Getúlio vargas, governar era abrir estradas. Juscelino Kubitschek seguiu a toada, no rumo de Brasília. Os governos militares também investiram no mesmo atalho para desbravar a Amazônia - e contribuir para sua devastação parcial.
     Apontar para a recuperação da malha ferroviária é um bom sinal, que vem sendo esperado há muitos anos. Só não pode ser confundido com construção do tal trem bala entre o Rio e São Paulo, uma enorme maracutaia que não para de subir de preço, sem que um mísero dormente tenha sido colocado. Ou com o poço sem fundo aberto com a construção da ferrovia Norte-Sul, que liga nada a lugar nenhum e que custa ao Brasil algo em torno de R$ 12 bilhões por ano em impostos não arrecadados, poluição e cargas que deixam de ser transportadas. Sem falar nos aditivos, sobrepreços e similares, sinônimos de assalto aos cofres públicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário