segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A ameaça que vem da defesa

     O deputado cassado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, certamente não é e jamais foi a testemunha de acusação ideal para um promotor. Em uma daquelas séries americanas sobre lei e ordem, seria um alvo fácil para qualquer advogado de porta de xadrez, que 'esqueceria' o crime para focar o debate na personalidade do acusador, desmerecendo a acusação.
     Para nossa sorte - daqueles que torcem pelo justiçamento dos integrantes da quadrilha que assaltou os cofres públicos, no espisódio que ficou conhecido como Mensalão -, os defensores dos demais acusados além do próprio Jefferson não se sentem - digamos - 'confortáveis' em acusar o acusador. Nem mesmo o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o mais atingido, reagiu com a intensidade que se podia esperar de um 'inocente'.
     Excetuando um ligeiro bate-boca na época em que o escândalo estourou, Dirceu manteve sempre um suspeitíssimo respeito. Para quem observa o caso com independência, fica claro que jamais foi conveniente bater muito forte no ex-deputado do PTB, frequentador assíuduo do palácio nos tempos do ex-presidente Lula, que chegou a garantir - minha memória, embora seletiva, ainda é razoavelmente boa - a idoneidade do homem que deflagrou a maior crise da história recente brasileira.
     Acho que muita gente vai lembrar das palavras elogiosas de Lula quando se referia a Roberto Jefferson, mesmo quando a sujeira já havia tomado conta de tudo. É verdade que a recíproca foi verdadeira. O acusador procurou, em todas as ocasiões, isolar o então presidente das acusações. Só recentemente houve uma mudança nesse comportamento, quando o advogado de Jefferson insistiu em incriminar Lula, em uma manobra juridica destinada a tumultuar o processo, já que o STF excluíra o ex-presidente das acusações - absurdamente, segundo minha interpretação.
     O potencial destrutivo de alguns réus, no entanto, não foi testado ao limite. Ainda relativamente calado, o publicitário Marcos Valério também pode dar novo tempero ao julgamento, dependendo do andamento dos fatos. Pela combinação de acusações, o parceiro do PT na roubalheira pode ser condenado a mais de 100 anos de cadeia, segundo avaliações divulgadas hoje em vários jornais, como O Globo, por exemplo.
     O pote de mágoas do publicitário mineiro, sócios e dirigentes de bancos envolvidos - que não faziam parte da companheirada -, nessa eventualidade, pode se transformar em rancor e derramar um forte conteúdo de vingança sobre todos os envolvidos direta e indiretemente no escândalo.

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