domingo, 19 de agosto de 2012

Histórias de Júlia e Pedro (Capítulo 50)

O 'nosso' umbigo    

     Não estava me sentindo muito bem. Uma ligeira dor de cabeça, mas suficiente para me fazer optar por me afastar um pouco da saudável bagunça familiar (estávamos reunidos na casa de Fabiana, para comemorar o Dia dos Pais, com atraso de uma semana - Flávia estava em Londres, trabalhando na Olimpíada), dar uma recostada e fechar os olhos, aproveitando a penumbra de um dos quartos.
     Pedro, em uma das passadas pelo corredor, me viu e foi logo falar comigo:
     - O que é você tem, vovô?
     - Nada de mais moleque, dor de cabeça ...
     Com aquele jeito carinhoso que sempre teve comigo, desde bebê, me deu um beijo, um abraço e deitou ao meu lado. Falamos um pouco dos projetos de uma pescaria (o moleque fica sonhando com essas 'aventuras') e ele saiu, convocado a participar das brincadeiras com Júlia, a mãe, a avó e as tias, Fabiana e Paula, prima de direito, mas tia de fato.
     Não demorou muito e voltou. Mais um beijo e uma demonstração de carinho que só nós dois poderíamos entender e que vou tentar explicar.
     Desde muito pequeno, Pedro - como outras crianças - tem o hábito de coçar o umbigo e eu, desde sempre, me habilito a fazer o mesmo, brincando com ele, que adora. Todas as vezes em que nos encontramos, eu pergunto pelo 'meu' umbigo, e beijo, mexo, faço um carinho.
     Pois ontem, não precisei pedir. Vendo que eu não estava como habitualmente, subiu na cama e levantou a camisa, sabendo que seria um remédio infalível:
     - Vovô, olha o meu umbigo!
     Não há dor de cabeça que resista.

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