quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ministro gasta sua cota de bobagens

     A notícia, à primeira vista, parece boa, mas induz a erro. Segundo o ministro da Educação (???), Aloísio Mercadante, a presidente Dilma Rousseff vai vetar um trecho da lei que cria o sistema de cotas raciais e sociais para acesso em todas as universidades federais, com base no coeficiente de rendimento (CR) dos alunos durante o ensino médio. Vai prevalecer, segundo o ministro, o resultado do Enem, e não o CR.
     Na essência, não há mudança. Continuarão valendo os absurdos critérios político-ideológicos que marcam a política de cotas brasileira e que condenam o ensino superior público a um futuro semelhante ao que afundou os níveis fundamental e médio geridos pelas diversos patamares de governo.
     O próprio ministro, com a habitual falta de clareza e contorcionismo retórico da companheirada, reconhece que há uma inversão de valores. Em entrevista ao Estadão, Mercadante diz que as universidades serão obrigadas a se preparar para receber esse novo perfil de aluno, que "podem enfrentar dificulades para acompanhar o ensino nessa nova etapa". Podem? É claro que todos terão enormes dificuldades.
     A vigarice não tem limites. Segundo o ministro, com aquela fluência verbal que caracteriza essa Era Lula, "onde houve necessidade de um nivelamento, vai ter que fazer um nivelamento, vai ter que ter um período para os alunos se adaptarem, inclusive nas férias". Resumindo essa pérola: as universidades terão que abrir um cursinho para qualificar seus novos alunos, uma espécie de quarto ano do curso médio.
     E a imbecilidade retórica não acaba aí. Mercadante - aquele que virou mestre defendendo as medidas políticas do Governo Lula - não teve vergonha de soltar mais esse monumento à pilantragem intelecutual: "Assim que este aluno for aprovado, ainda nas férias, ele já teria de estar estudando, para poder chegar na universidade em melhores condições, onde isso for exigido".
     É isso mesmo: o cotista despreparado - por culpa de um sistema de ensino falido -, mas já aprovado, deve começar a estudar ainda nas férias, dois meses antes de começarem as aulas. Esse - digamos - 'intensivão', a prevalecer o raciocínio (?) oficial, capacitaria o jovem e substituiria os 12 ou 13 anos de má-formação, abandono, desleixo do estado.
     Talvez alertado por alguém menos contaminado pela idiotia que toma conta do Ministério, Mercadante admitiu que é preciso melhorar o ensino médio e que já existe um grupo de trabalho incumbido de um projeto para valorizar o ensino médio, "inclusive o redesenho do currículo", seja lá o que isso for.

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