quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Um ministro leviano

     Tinha, até hoje, respeito pelo cargo exercido pelo ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Em nenhum momento, até agora, imaginei que alguém que chega a um posto de tamanha magnitude - é um dos onze juízes da mais alta corte de Justiça do país - pudesse ser leviano a ponto de guiar seus julgamentos ou posições pela identificação pretérita com uma sigla política ou sua 'lealdade' a personagens da vida pública.
     Os fatos mais recentes - incluindo sua defesa exasperada do ex-chefe José Dirceu, em evento social em Brasília, como publicado hoje em O Globo - mudaram minha opinião. Sua Excelência não está à altura do cargo, da liturgia que o envolve, da dignidade pessoal que é exigida de alguém que, em síntese, é a última instância do direito.
     O fato de ter sido indicado pelo esquema de poder que se instalou no país há nove anos de meio não pesava nas minhas considerações. Eu, por exemplo, tenho certeza absoluta que jamais seria transigente com um criminoso, independentemente de minhas relações pessoais. Portanto, seria natural que ele, apesar de ter montado toda a carreira servindo com denodo ao PT, mostrasse independência. Poderia, sim, votar pela absolvição dos quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos, no episódio conhecido como Mensalão do Governo Lula, mas com base na convicção gerada pelos autos.
      Seu comportamento no tal episódio relatado hoje pelos jornais - xingou o jornalista Ricardo Noblat, inconformado por ele ser duro em relação a José Dirceu, apontado pela Procuradoria Geral da Repúblico como chefe da quadriha -, no entanto, mostra que ele continua sendo um mero tiete do ex-ministro da Casa Civil, a quem assessorou inclusive durante o escândalo do Mensalão. Não tem estatura moral para julgar seu ex-mentor.
     Com seu comportamento leviano, vagabundo e inadmissível num magistrado, Toffoli apenas corrobora as críticas que lhe são feitas desde sempre, fortalecendo a impressão de que só chegou ao STF graças ao servilismo que exibiu durante sua militância petista. Currículo todos nós sabemos que ele não tinha, pois sequer havia passado nos dois concursos que prestou para a magistratura.

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