quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Repetição da vulgaridade

     Até nisso - na exploração barata de um tema sério, como o câncer - eles, Lula e Hugo Chávez, se parecem. É aquele comportamento rasteiro, que parece natural, mas que foi precidido claramente de uma preparação, de uma encenação. Pois foi isso que aconteceu, entre outros fatos, na homenagem que produtores de biodiesel prestaram ao ex-presidente, coincidentemente no dia exato em que começou o julgamento do assalto aos cofres e dignidade públicos realizado no seu governo.
     Lula disse, e jornais e revistas , entre eles Veja, reproduziram, frases vulgares, semelhante às do bufão venezuelano ao tentar capitalizar politicamente a tragédia pessoal. Segundo Lula, todos esperavam que ele chegasse careca e abatido (esse 'todos esperavam' refere-se aos que ele imagina que festejam sua doença): "Por isso eu vim bonito", disse, arrancando as esperadas reações da plateia amestrada.
     Não deixou passar, também, a oportunidade de reclamar da imprensa, aquela que ele e seu partido usaram à exaustão, mas que incorre no pecado venial de mostrar independência em relação aos detentores do Poder. De acordo com sua avaliação opaca e vazia, os avanços de seu governo não teriam sido reconhecidos, como se eles - e existiram, especialmente na área social - isentassem-no e a seus partidários de críticas. Para Lula, imprensa e colunistas bons são aqueles que só elogiam. Mais ou menos como faz o outrora combativo escritor Luís Fernando Veríssimo, atualmente um mero - embora sempre brilhante - preenchedor de espaços na página de opinão de O Globo (foi o único, hoje, a não tocar no Mensalão).
     Não satisfeito, o ex-presidente ainda afirmou que não iria acompanhar o julgamento da roubalheira descoberta em seu governo, por ter mais o que fazer. Tem sorte. Ele poderia estar sentado ao lado de seus antigos companheiros, defendido pelo seu ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o mesmo advogado que o aconselhou durante a crise do Mensalão e que hoje representa um dos 38 acusados. O mesmo Thomaz Bastos que tentou melar o julgamento, mais uma vez, com artifícios jurídicos (queria o desmembramento do processo, o que jogaria a questão para as calendas).

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