segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Licença para matar

     A Polícia Rodoviária Federal anuncia: nossas estradas e rodovias estarão liberadas, por tempo indeterminado, a todas as espécies de loucos ao volante, criminosos em potencial, irresponsáveis definitivos. Durante alguns dias - cinco, seis, trinta? -, não haverá radares escondidos atrás de moitas, operações ou algo semelhante. Poderemos, todos nós, matar e morrer livremente.
     É a síntese do absurdo que vem atingindo o país nos últimos meses. O grevismo exarcebado, as reivindicações abusivas, o desrespeito à hierarquia. Se patinamos no ano passado, em função da série de escândalos envolvendo a cúpula da República (sete ministros e uma penca de dirigentes de segundo escalão demitidos por corrupção), estamos paralisados, este ano, por uma série de greves praticamente inédita.
     A mais recente - a anunciada hoje pelos policiais federais -, apenas formaliza um movimento que já vem atravancando o dia a dia do país há um bom tempo, com 'operações-padrão', um eufemismo para o mais absoluto desrespeito ao cidadão. Sem falar nos prejuízos diretos ao país, causados pela combinação desastrada com a inação do pessoal da Anvisa, nas nossas fronteiras.
     Para deixar bem claro: greve de quem ganha salário inicial superior a R$ 7 mil é um acinte, especialmente num país, como o nosso, em que um trabalhador recebe pouco mais de R$ 600 mensais e um professor menos de R$ 2 mil. Além de potencialmente agressiva e perigosa, a greve conta com um componente que não posso deixar de lembrar: quem tem direito a andar armado não pode fazer greve, como se fosse um empregado comum.

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