sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A exploração de tragédias

     Já disse, há algum tempo, que não votei e não pretendo votar em Eduardo Paes, com quem tenho divergências irreversíveis (embora ele não não saiba disso). Portanto, fico bem à vontade para tratar de um assunto que, ao que me parece, vem sendo abordado de forma incorreta e, em determinados momentos, distorcida e com nuances políticas: os acidentes na TransOeste.
     Fui testemunha, hoje, de uma grande manifestação - pelo menos provocou enormes e desastrosos reflexos - de protesto contra os atropelamentos que já se tornaram recorrentes ao longo da nova via, especialmente na pista exclusiva dos ônibus 'Ligeirões'. Um grupo de jovens secundaristas interrompeu a passagem de veículos na pista central da Avenida das Américas, sentido Barra, na altura do Bosque da Barra. Os estudantes lamentavam a morte de um outro jovem, atropelado há duas semanas.
     Infelizmente, outros acidentes vão acontecer, por culpa - e não tenho dúvidas quanto a isso - de pedestres e ciclistas que insistem em desrespeitar a proibição de cruzar e usar a pista exclusiva, a pé ou de bicicleta. Os avisos de proibição estão espalhados por todo o percurso, claros. Mas quem trafega pela região esbarra a todo o momento com pessoas que colocam a segurança em risco. Hoje mesmo, cruzei com quatro ciclistas que usavam a pista dos Ligeirões, como se estivessem em uma ciclovia.
     É verdade que não há uma ciclovia na Avenida das Américas. Mas essa é uma outra questão. Não há também no Túnel Rebouças, nem nas Linhas Amarela e Vermelha. Pode-se questionar essa ausência, mas precisamos reconhecer que não é essa, exatamente, a vocação dessas vias, voltadas para o deslocamento de veículos motorizados, o que é outro ponto que pode ser discutido.
     Os atropelamentos de pedestres também têm sido comuns, como já eram antes das obras. Mas todo acontecem por imprudência: pessoas se arriscam entre os carros, mesmo ao lado de cruzamentos sinalizados ou de passarelas, como acontece rotineiramente na Avenida Brasil, por exemplo. É uma questão cultural, que se soma - e aí, sim, as críticas se justificam - à necessidade de mais opções. E não estou falando de sinais luminosos, em número mais do que suficiente. Mas de passagens subterrâneas.
     De qualquer modo, são absolutante injustificados os protestos por atropelamentos nas proximidades das estações, maioria absoluta. Há faixas de pedestres, sinalizadas, em todas. E não ficam a 200 metros ou mais, como alguns insistem. Ficam bem próximas, a 20 ou 30 metros de distância, no máximo. Lamentavelmente - e eu novamente recorro ao meu testemunho, ao longo do dia de hoje -, muitos preferem arriscar para ganhar três ou quatro minutos, sem pensar que podem estar perdendo a vida.

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