segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Um dia de rabulices

     Talvez tenha sido do advogado do ex-presidente do PT, José Genoíno, a frase mais emblemática das que foram ditas, hoje, em defesa dos quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos no episódio que ficou conhecido como Mensalão. O dito senhor (Luiz Fernando Pacheco), entre outras rabulices, afirmou que "a opinião pública há muito já se convenceu que o mensalão foi uma farsa".
     Tomo a liberdade de lembrar que eu também disse isso, com outras palavras, há alguns dias. Também acho que não houve um mensalão propriamente dito, com pagamentos regulares a cada 30 dias. Houve - e a sustentação oral do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, semana passada, deixou claro - sim, uma roubalheira institucionalizada, um pilantragem sistemática destinada a comprar votos e apoio de partidos cooptados para a tal 'base governamental' e pagar contas da companheirada.
     O caminho - o único, pelo que se pôde notar nesse primeiro dia de defesa - é apontar para a existência de um singelo caixa 2, um dinheirinho usado para pagar prejuízos, um crime - é verdade -, mas de segunda categoria, algo que todo mundo faz, como costumam bradar os comparsas dos assaltantes principais.
     Pois foi a esse ponto que chegou o Brasil nessa Era Lula. Algo próximo do pragmático optar por ficar com os dedos e deixar que levam os aneis. "Roubamos, sim, mas outros roubaram também. E foi um roubinho", é a tradução que eu me permito fazer das alegações dos principais líderes do esquema desenvolvido e executado no primeiro governo Lula.
     Por falar no ex-presidente. A defesa do acusado de ser o chefe dos quadrilheiros, José Dirceu, citou o ex-presidente e sua sucessora como fiadores da dignidade do seu cliente. Não resisti e dei uma gargalhada.

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