quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Governo rende-se às evidências

     Eu seria incongruente se não olhasse com bons olhos o pacote de privatizações lançado hoje pela presidente Dilma Rousseff - privatizações, sim, e não 'concessões', uma vigarice retórica usada pela Era Lula para dizer que não faz o que condenou no governo de Fernando Henrique Cardoso. Repudio, no entanto, a fantasiosa utilização dessa sigla desmoralizada pelos fatos. Não há nem jamais houve PAC algum. Há - ou deveria ter havido (e deixou muito a desejar, como os números e fatos evidenciam, a cada dia) - a reunião de projetos obrigatórios a qualquer administração, sob um apelido criado pela equipe de marketing palaciana.
     Sou, por princípios, defensor de um estado cada vez menor, que gerencie apenas e tão-somente áreas cruciais, vocacionais, por natureza, como saúde, educação e segurança, por exemplo. É claro que também cabe ao estado deixar transparente para a sociedade o que pensa para o país, definir nortes, estabelecer metas. E oferecer os meios necessários aos investimentos, segurança institucional, respeito à legislação. E atuar como um fiscal exigente e correto, gerindo o trabalho, sugerindo caminhos, apontando falhas, cobrando participação e compromissos, coibindo exageros. Não é pouco. Basta ver o que nossos 'parceiros' venezuelanos, argentinos e bolivianos fazem, desrespeitando contratos, invadindo empresas e afastando investidores sérios.
     Quanto menos o estado estiver envolvido em obras e quetais, menores serão as chances de episódios como os que temos acompanhado nos últimos nove anos e meio, de corrupção ativa e enriquecimento ilícito. O empresário que quiser investir, deve ter certeza de não ficar sujeito aos humores e à ganância de indivíduos e grupos políticos. Não será obrigado a fazer doações ao PT, por exemplo, como tem sido, em troca da aprovação de um contrato, de um aditivo.
     A privatização de aeroportos, portos estradas e ferrovias não deixa de ser uma confissão de incapacidade, é verdade, mas é muito bem vinda. Em nove anos e meio de muita publicidade e pouco trabalho, os governos petistas mostraram sua mais absoluta falta de aptidão ao trabalho sério, aos projetos necessários ao desenvolvimento do país. Surfamos no crescimento chinês e esquecemos de criar condições para que nossa indústria renovasse o fôlego.
     O custo Brasil aumentou e afundou o país, que vê seu PIB despencar. E país algum pode viver apenas dos resultados da transferência de renda, quando se sabe que ela apenas mascara um drama social decorrente da nossa incapacidade de gerar riquezas e, por consequência, atacar as causas, e não apenas minorar as consequências.

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