segunda-feira, 11 de junho de 2012

Um rio de dejetos

     Os participantes da Rio+20 poderiam dar uma olhada rápida nas condições de balneabilidade das praias da Zona Sul, divulgadas pelo O Globo, diariamente e alvo de reportagem em um caderno especial que circulou domingo. Veriam, atônitos, sem dúvida, que carioca e turistas mergulham em dejetos, no mínimo, sete a cada dez dias do ano. Banho de mar na caríssima Praia do Leblon equivale a risco de contrair hepatite, micoses e outros males. Ipanema também não fica devendo muito ao bairro vizinho, em poluição.
     A Baía de Guanabara é uma vergonha, um escárnio. Ainda recebe, como há duas décadas, o equivalente a um Maracanã de porcarias por dia. As lagoas de Jacarepaguá, por onde muitas comitivas também irão passar, são o escoadouro natural do esgoto das dezenas de favelas da região. Suas águas, em determinados momentos do dia, fedem absurdamente, empesteando o ar. E a coleta seletiva, tão decantada? Inexiste em 90 por cento da cidade.
     Essa é a realidade de uma cidade de inegável beleza, mas que não resiste a um olhar mais crítico. Nossa população, por falta de opções e/ou de educação, é claramente porca. E não estou falando do inevitável despejo de esgoto na rede pluvial, onde não há outra disponível. Estou me atendo ao comportamente deletério dos que atiram toda a sorte de sujeira nas ruas, córregos e praias; que usam as ruas como depósito do lixo que produzem nos seus carros, comportamentos evitáveis, na sua essência.
     A Rio+20 deixaria uma marca bem forte na cidade que a está abrigando - e cumpriria parte de seu papel global - se produzisse, ao menos, algum efeito no nosso dia-a-dia. Se não fosse, como já ameça, apenas, mais uma reunião cheia de boas intenções e discursos empolgados, mas vazia de resultados práticos.

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