segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ronaldinho não é o único vilão

     Resisti, até agora, à natural compulsão de escrever sobre todos esses incidentes que envolveram o atleta Ronaldinho Gaúcho e terminaram com sua contratação pelo Atlético Mineiro, depois da saída traumática do Flamengo. Fui estimulado pela frase destacada pelo O Globo, para sintetizar, num título, a expectativa e a incerteza que cercam essa mudança de clube é emblemática: "Rezo e peço a Deus que tudo dê certo", disse o presidente do clube mineiro, Alexandre Kalil.
     Talvez não seja suficiente. E, como dizem alguns amigos, Deus certamente teria mais a fazer do que olhar pelo comportamento (ou falta) de Ronaldinho. É uma aposta cheia de riscos, com certeza. Mas acho que o eventual prêmio pode compensar a insegurança e as dúvidas que devem estar mexendo om a cabeça da legião atleticana, conhecida por sua paixão.
     É claro que Ronaldinho não vem se comportando como um atleta há muito tempo. Seu desempenho em campo era uma evidência da falta de preparação. Disperso, lento, alheio. Mesmo assim, com todas essas restrições, eu, como torcedor do Vasco, comemorei sua saída do nosso grande rival.
     Apesar de desgastado por noitadas - segundo o próprio clube acusa, agora, mas calou antes -, a presença de Ronaldinho é sempre um desafio para qualquer adversário. Basta uma distração, um espaço em campo, para que ele crie uma jogada definitiva.
     Acredito que o Atlético tenha feito um ótimo negócio, especialmente ao contratar um craque a - imagino - preço de banana, em função de seu desgaste público. E mais. Quase posso afirmar que Ronaldinho vai fazer o impossível para provar que não acabou para o futebol.
     No Atlético, em Belo Horizonte, longe das tentações que marcam o cenário do futebol carioca, Ronaldinho pode, sim, reencontrar boa parte do futebol que perdeu - especialmente - ao longo dos últimos meses. Não acredito que ele tenha no seu novo clube as facilidades que explorou por aqui, com a conivência - e isso precisa ficar bem claro - dos dirigentes.
     Dita com boa intenção, é claro, uma frase do recém-empossado dirigente de futebol rubro-negro, o ex-jogador Zinho, é a maior evidância do grau de descontrole nas relações entre o clube e seus jogadores: "Acabou a bagunça", afirmou, admitindo, por óbvio, que a esculhambação existia.
     Ronaldinho é o resultado da falta de seriedade dos dirigentes, da omissão. E quando falo dirigentes, estou me referindo a todos, de todos os clubes. A irresponsabilidade não é uma prerrogativa da Gávea. O meu Vasco, por exemplo, deve R$ 380 milhões, está com salários atrasados e sua diretoria não tem a menor ideia do que fazer, de fato.
     A culpa não é só de Ronaldinho.

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