quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mestre em baseados

     No intervalo do show espanhol na goleada (4 a 0) sobre a limitadíssima Irlanda, mudei de canal e esbarrei na reprise do programa de entrevistas do jornalista Alexandre Garcia, na GloboNews, sobre a descriminalização do uso de drogas, sugerida por uma comissão de juristas que assessora o Senado na mudança do Código Penal. Resolvi ficar por lá os dez minutos anteriores ao segundo tempo, mas acabei extrapolando. Quase perdi um dos gols.
     Confesso que não registrei o nome dos convidados, um deputado federal gaúcho, médico, do PMDB, e uma professora de Direito da Universidade de Brasília, carregada de títulos e quetais. O deputado, baseado na experiência profissional e em conceitos pessoais sobre a vida, não teve dúvida em condenar a iniciativa e afirmar que esse mudança jamais passará no Congresso.
     Citou dados recentes - e facilmente acessíveis - de pesquisas sobre a extrema relação entre o aumento da criminalidade e o consumo de drogas; sobre a devastação provocado pelo crack. E ainda recorreu a exemplos internacionais que apontam para o mais absoluto fracasso de iniciativas semelhantes, em Portugal, na Espanha, Holanda e Suécia, países onde o consumo e a dependência aumentaram com a liberalização e que já estão revendo a legislação, como a Suécia, em especial. Já a doutora em leis ...
     Poucas vezes ouvi tantos argumentos medíocres e inflados de conteúdo supostamente ideológico - na verdade, 'liberaloide'. Chegou - e não estou exagerando - a dizer que, com a descriminalização do consumo, seria natural que a venda de drogas também fosse liberada. Afinal, onde os dependentes iriam achar a mercadoria? É claro que, antes de chegar a esse paroxismo, a mestra já havia lembrado que "bebidas-e-cigarro-também-viciam-e-provocam-danos-à-saúde-e-são-regulamentados". Inacreditável.
     Ela não propôs maior rigidez ou um combate efetivo ao consumo de álcool e ao fumo, como seria lógico e defensável. Parte do raciocínio (???) contrário: se um cabra pode beber seu uísque e fumar um Continental sem filtro (esse é do meu tempo de rapazola), outro pode usar crack, cocaína e o que mais tiver vontade. Certamente deve ter ampliado o número de 'curtições' na sua página do 'Facebook'.
     E é a esse tipo de mestre que nossa juventude está entregue. E mestre do Direito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário