quinta-feira, 28 de junho de 2012

A tríplice aliança contra o Paraguai e a favor da Venezuela

     Os chanceleres do Brasil, Argentina e Uruguai confirmaram que o Paraguai - o quarto membro efetivo do grupo - será suspenso do Mercosul até à realização das eleições presidenciais previstas para abril do ano que vem. É uma punição pela cassação do ex-presidente Fernando Lugo, semana passada. Efetivou-se - como se temia - uma cafajestagem ideológica, um absurdo jurídico, uma indevida e inaceitável interferência no direito ao livre arbítrio de um país soberano.
     De uma forma covarde - à semelhança dos seus lamentáveis e estúpidos governantes -, reativou-se a lamentável Tríplice Aliança que, nos anos de 1864 a 1870, devastou o país, sob argumentos que, hoje, são demolidos por historiadores menos engajados. Em contrapartida, esses mesmos chanceleres devem aprovar a entrada da Venezuela no grupo. É isso mesmo: pune-se um país que segue claramente a Constituição (talvez imperfeita, mas dele, Paraguai), e beneficia-se um governo vagabundo, arbitrário, que atropela e modifica as leis, persegue juízes que ousam reagir, combate a liberdade de imprensa, prende adversários.
     Esse é o lamentável perfil dominante nessa infeliz América Latina, em geral, mergulhada num processo de retrocesso político e cultural que parece irreversível. Será muito difícil que países governados por políticos do limitadíssimo calibre de Hugo Cháves, Evo Morales, Cristina Kirchner, Rafael Correa, Dilma Rousseff e Lula (ele continua mandando aqui, sim, para nossa infelicidade como nação) passem impunemente por esse tipo de provação.
     A escalada da mediocridade é proporcional à desinformação, à infantilização que sucessivos governos demagógicos e populistas vêm submetendo esses países. Prevalecem, entre nós, o discurso barato, a compra de consciências e a distribuição de dentaduras metafóricas e reais. Paralelamente, de maneira sistemática, aprofunda-se a crise no ensino. No Brasil, em especial, jamais tivemos um momento como esse, com o ensino mergulhado em uma irreversível queda livre, sob a coordenação oficial.
     Estamos formando - nós e nossos vizinhos - gerações idiotizadas, simplórias, suscetíveis a mensagens velhas, ultrapassadas, incapazes de pensar, avaliar, criticar. Uma massa descerebrada, sem forças para se contrapor a manobras, lideranças primárias.
     Um exemplo dessa pilantragem está estampado no Estadão. Uma foto do ministro Gilberto Carvalho, discursando na reunião que está sendo realizada em Mondoza, na Argentina, onde foi antecipada a punição ao Paraguai. Logo ele, acusado de, entre outras coisas, ter sido o transportador de propinas para o PT, a 'mula' que carregava, no seu Fusca particular, o dinheiro que as prefeituras petistas extorquiam de empresas de ônibus. O ex-seminarista que trocou Deus por Lula, por quem daria a própria vida (segurem o vômito). O companheiro de fé do ex-bispo Fernando Lugo, o garanhão que pastoreava o rebanho de fieis e seguia à risca a recomendação bíblica de procriar.
     Não foi à toa que o Vaticano foi a primeira nação a reconhecer o novo presidente paraguaio.

2 comentários:

  1. Marco, em 1864, os delírios de ambição e grandeza do ditador Solano López, que culminaram com a invasão do território brasileiro, é que arrastaram o seu miserável país à guerra. Ele, e somente ele, foi o agressor e responsável pelas consequências.
    Os tais historiadores revisionistas - "menos engajados", como você chamou -, são certamente os mesmos que, por motivos claramente ideológicos, defendem agora o isolamento do Paraguai. Para esse pessoal, a destituição de um governo - mesmo dentro dos limites constitucionais - só é justificável se o defenestrado não for de esquerda, como o ex-bispo Don Juan.

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  2. Grande Paulo. Não me incluou entre os revisores da história, mas sou apeixonado por ela, como você sabe. Embora admita excessos e delírios de Solano López, não podemos abstrair as mudanças que estava introduzindo no país e afetavam interesses estrangeiros, entre quais os ingleses. Convenientemente também esquecemos o massacre do povo paraguaio. Foram trucidados de 60 a 70 por cento dos homens. Mas nada disso muda o fato atual: está em curso uma agressão inominável ao direito de autodeterminação do povo paraguaio. Abraços, velho amigo.

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