segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ideologia e preconceito

     O comprometimento ideológico - se é que podemos considerá-lo assim - é responsável por textos como o que me aventuro de analisar, em seguida. Não me refiro a um artigo assinado, a uma página de opinião, mas, sim, a uma notícia comum, que deveria - por essência - ser informativa, sem 'costear alambrados'.
     A imagem dos 'alambrados' surgiu naturalmente, atrelada à lembrança de outra frase do ex-governador Leonel Brizolla, usada para ilustrar, num texto anterior, aqui no Blog, o que eu entendi como a parceria política digna da privada entre Lula e Maluf, em torno da luta pela prefeitura de São Paulo.
     Mas vamos voltar ao tema inicial. O Estadão de hoje publica uma matéria curta, calcada em telegrama internacional, sobre um novo momento de tensão no Oriente Médio, provocado pelo deslocamento de tanques israelenses para a fronteira com o Egito.
     Fica óbvio - e o texto não deixa qualquer dúvida - que o vilão, mais uma vez, é Israel, que teria descumprido o acordo de paz de Camp David, ao levar "seus tanques" - foram apenas dois! - para a fronteira. A condenação é evidente: "Segundo o documento (o acordo de paz), os dois lados são obrigados a manter a região desmilitarizada, portanto (o destaque é meu), Israel não deve implantar (sic) tanques ou mísseis", reza o texto.
     É verdade. Deveria ignorar o atentado que matou um operário, provocado por um grupo de terroristas que atravessou comodamente a fronteira e colocou explosivos em uma estrada, a 30 quilômetros da Faixa de Gaza. Os assassinos podem 'implantar' bombas e atirar em civis que se dirigiam ao trabalho, mas Israel não pode tomar providências para garantir a segurança de seus cidadãos.
     É uma lógica perversa que revela o quanto é forte o preconceito contra os judeus. A reação a um ataque é tratada como agressão. A vítima é apedrejada. Os assassinos são tratados como 'milicianos'. O acordo de paz - que deveria garantir a segurança, só vale para um dos lados.

2 comentários:

  1. Esse posicionamento hostil a Israel decorre, a meu ver, muito mais do comprometimento ideológico da mídia, invariavelmente de esquerda, do que propriamente de preconceito contra os judeus. A causa principal vem do fato de os israelenses serem fortes aliados dos Estados Unidos, o que basta para que a esquerda lhes devote essa aversão burra e infundada.
    O antissemitismo, visto como ódio racial, alimentou as loucuras do nazismo e hoje só motiva árabes e neonazistas. Entre nós, felizmente, não é tão evidente.

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  2. Acho que é o 'conjunto da obra',Paulo. Ideologia e antissemitismo, puro e simples. O preconceito ainda é grande também entre nós, pois ele anda d emãos dadas com a vigarice política. Abraços.

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