segunda-feira, 4 de junho de 2012

Reação quatrocentona

     Não morro de amores pela senadora Marta Suplicy, do PT de São Paulo. Ao contrário. Sua passagem pela principal prefeitura paulista e brasileira deixou um rastro de destruição das finanças e um complicado processo de aprovação de contas, além de equívocos conceituais, segundo a minha ótica, é claro. Mas é evidente que ela seria o nome mais forte do seu partido (excetuando o do ex-presidente Lula) para enfrentar José Serra (PSDB) no embate que mal começou.
     Ocorre que o democrático PT não é muito chegado a consultas às tais bases, tão decantadas, mas absolutamente ignoradas nas decisões partidárias. Prevalece, senhorialmente, a vontade de uma pessoa, Lula, o 'Inimputável'. Ele decide e a turma dobra a espinha, quase sempre mostrando o traseiro. O partido sabe que não teria a dimensão que tem se não fosse por seu guru e líder. Seria, como a história mostra, um partido dos 20%, percentual diluído em uma dezenas de movimentos, grupos e afins.
     Entende-se, portanto, a dependência que desenvolveu à figura de seu mestre, uma mistura de personagens que remete a diversas criações de Chico Anísio - entre elas, certamente o canastrão Alberto Roberto, Bozó e o pastor Tim Tones. Tudo com um indeléval toque de Cantinflas. Sem Lula, o PT tem consciência de que será empurrado de volta à vala comum, especialmente depois de tantos e repetidos escândalos.
     Por isso Lula se deu ao direito de escantear Marta na corrida pela administração da maior cidade da América Latina. Na verdade, ela jamais fez parte de seu projeto de dominação. Serve - como aconteceu durante a campanha de Dilma Rousseff - para dar uma cara quatrocentona do partido, ou para servir copos de água durante os comícios, purgando os males históricos da 'burguesia'.
     A reação da mãe do Supla foi inesperada e, parece, desnorteou a cúpula partidária. Ela simplesmente não foi à solenidade oficial do lançamento da candidatura de Fernando Haddad. aquele ex-ministro da Educação que quase destruiu o Enem e a língua portuguesa. Não foi nem mandou avisar que não iria. A desculpa foi ainda mais destrutiva para a imagem de unidade que o PT precisa passar, se pretende, mesmo, tirar seu candidato dos ridículos 3% de intenção de voto.
     Sem citar o nome de Haddad, a senadora mandou dizer, dois dias depois da ausência - segundo nos conta a Folha -, que teve razões "particulares" para ignorar a festa do novo 'poste' de Lula.

Nenhum comentário:

Postar um comentário