domingo, 24 de junho de 2012

Prêmio à indignidade

     Mais um - entre tantos - sinal dos tempos indignos que estamos vivendo. O deputado federal João Paulo Cunha, do PT paulista, um dos 38 réus do processo do Mensalão do Governo Lula, o maior assalto institucionalizado aos cofres públicos, foi aclamado como candidato petista à Prefeitura de Osasco. Com a desfaçatez que caracteriza os integrantes da quadrilha da qual fez parte, de acordo com denúncia da Procuradoria Geral da República, chorou copiosamente e pediu aos militantes que o ajudem a recompor a verdade.
     Segundo O Globo, não teve a compostura, sequer, de omitir - até mesmo por ser inegável - sua criminosa participação no esquema vagabundo criado nos principais gabinetes do Palácio do Planalto. Disse que pegou dinheiro, sim, mas para pagar dívidas de campanha, coitadinho. E que mora até hoje na mesma casa, admitindo, por vias transversas, que o fato de ser deputado é uma gazua para abrir outras e mais caras portas.
     Comodamente, o atual presidente da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara - é isso mesmo, um dos réus do Mensalão ocupa esse posto - atribui a um simples acerto de contas a vergonhosa participação no assalto que vai começar a ser julgado em agosto. Esqueceu, também, que distribui aos ventos pelo menos três versões para o fato de sua mulher ter sido flagrada, na boca do caixa do Banco Rural, retirando, de uma vez, R$ 50 mil, em dinheiro vivo, notas novas, estalando. Há denúncias de que essa foi apenas uma das parcelas do seu latifúndio.
     Quando obrigado a dizer alguma coisa - a cena da mulher na fila do caixa fora gravada!!! -, começou argumentando que ela fora ao banco pagar uma prosaica conta de tevê a cabo. Em seguida, criou mais duas mentiras. O próximo passo foi renunciar ao mandato, para não ser cassado, como merecia, e perder os direitos políticos (como se merecesse ter algum). Ficou calado algum tempo e conseguiu ser eleito novamente, graças à morosidade do processo, à absoluta falta de memória da população e à conivência do PT, o maior e mais bem-sucedido administrador de pilantragens da história recente do país.
     Como prêmio por sua dedicação à causa (foi líder do partido),recebeu o comando de uma comissão, a de Justiça, e indicado para participar de outra, a da Cidadania. Se não for preso antes, como espero - pode ser condenado a uma dezena de anos na cadeia, por diversos crimes -, tem chances, sim, de envergonhar a Nação, elegendo-se prefeito de uma cidade de relativa importância no país.
    João Paulo Cunha é uma síntese, um emblema, dessa infindável era de dissolução que afoga o país há nove anos e meio.

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