sábado, 2 de junho de 2012

Corrupção e extorsão

     Já deveria ter sido feito há muito tempo. Mas nunca é tarde para começar um processo sério e profundo na análise do esquema de doações de empresas a campanhas politicas. As últimas acusações do ex-diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot, às revistas Época e IstoÉ, escancaram um mundo de devassidão que, se confirmado, tem potencial para abalar não somente a campanha eleitoral deste ano, ao envolverem José Serra, favorito às eleições para a prefeitura paulista, mas para colocar em risco o próprio mandato da presidente Dilma Rousseff.
     Pagot, que suportou calado as acusações de corrupção que o despejaram do Dnit, afirmou que foi coagido - e essa é a expressão exata para o incidente - pelo então tesoureiro da capanha da atual presidente, o deputado José de Filipp, do PT paulista, a pedir apoio financeiro junto a empreiteiras que realizavam obras para o órgão. Um modo indecente de extorsão, pois todos sabem que pedidos dessa natrureza não são negados.
     Filippi, é claro, nega quase tudo. Admitiu, apenas, que solicitou uma intermediação, feita com o senador e empresário Blairo Maggi, do PR de Mato Grosso, que doou a bagatela de R$ 1 milhão. Para o deputado, econômico na reação às acusações - o que é absolutamente sintomático -, Pagot ainda está magoado com a demissão.
     As acusações atingiram, também, o PSDB. Segundo Pagot, ele foi pressionado a liberar um aditivo de R$ 264 milhões para as obras do Rodoanel paulista, parte do qual destinado a bancar as candidaturas de José Serra (à presidência), Geraldo Alckmin (governador) e Gilberto Kassab (prefeitura de São Paulo). É evidente que o atual candidato à prefeitura paulista José Serra, negou tudo.
     Dessa vez, não há a desculpa de as acusações terem partido da Veja, eleita a inimiga número um do poder e alvo de uma campanha asquerosa por parte de uma turma que se acostumou a viver às custas do patrocínio oriundo do dinheiro público. A destacar, apenas, um fato interessante: as acusações ao PT foram publicadas em Época; as denúncias contra o PSDB, em IstoÉ, apesar de todas terem partido da mesma fonte.
     Os fatos - no entanto - são gravíssimos e exigem imediata apuração. Já passamos do momento de contemporizar com essas práticas deletérias.

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