sexta-feira, 1 de junho de 2012

A omissão brasileira

     Diariamente - e há algum tempo - fico aguardando um pronunciamento, uma palavra, do Governo Brasileiro sobre o genocídio que vem sendo realizado sistematicamente na Síria de Bashar Al-Assad. A cada notícia de trucidamento de civis, crianças em especial, imagino que, finalmente, o Brasil vai se juntar ao mundo decente e condenar um regime assassino, que ignora as entidades internacionais. Nada.
     É verdade que passamos raspando da fase de exaltar criminosos e nos alinharmos automaticamente a eles, como aconteceu em todos os oito anos do governo passado. Já não nos apressamos a desculpar e a dar apoio aos fanáticos iranianos, ao desarticulado Hugo Chávez e a qualquer governo que, de alguma forma, conteste, principalmente, a presença americana no mundo.
     Cuba é uma das exceções nessa louvável, embora insatisfatória, mudança de atitude. Estamos com os os irmãos ditadores em todos os momentos. Nossos dirigentes, saudosos dos anos 1960, vivem voando para a ilha da fantasia, onde fecham os olhos para as arbitrariedades, falta de liberdade e fracasso do regime.
     No caso sírio, a omissão reveste-se de um caráter predatório, inconcebível. Não há como ver as cenas de massacres que nos chegam diariamente com um distanciamento que só não é mais degradante do que o apoio russo ao ditador. A Rússia, apesar das 'eleições', continua sendo, de fato, um expoente do desmando. A troca de guarda - Putin e Mevedev - exibe, apenas, o caráter totalitário de um país que continua atrelado à violência com a qual marcou o século passado.
     O Brasil não tem, sequer, essa 'desculpa' histórica para deixar de marcar uma posição firme quanto aos atentados aos direitos humanos. A Síria nos envergonha como homens.

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