sábado, 23 de junho de 2012

Fala, Pagot!

     Por que o nosso impoluto governo tem tanto medo de Luiz Antonio Pagot, do que ele pode e quer contar? Eu, certamente, não tenho. A Veja, O Globo e os demais representantes das 'mídia' também não têm motivos para temer as inconfidências do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre, o malfadado Dnit, um dos principais tentáculos do tal do PAC, afogado em sobrepreços, aditivos, obras sem licitação, corrupção, suborno, desvio de verbas para financiar campanhas eleitorais.
     O homem - que é um poço de mágoas - está querendo contar tudo o que sabe sobre pilantragens e roubalheiras à CPI mista que investiga (investigava, talvez seja o tempo verbal mais apropriado) o envolvimento do contraventor Carlinhos Cachoeira com parlamentares e governantes dos mais diversos escalões dessa nossa infelicitada República.
     Mas o PT e seus asseclas não permitem. Barraram a convocação, sob as mais vagabundas alegações. Hoje, em O Globo, Pagot garante que está sendo perseguido pelas tropas de choque e do cheque do Governo. "Em todo lugar que eu desembarco, tem gente me esperando para constranger. Até na empresa onde eu trabalho", denunciou.
     Em qualquer país decente do mundo Pagot estaria sendo protegido, garantindo-se sua integridade e liberdade para denunciar as roubalheiras que envolvem diretamente o esquema de poder que se instalou no Brasil há nove anos e meio. Nos Estados Unidos - tão odiado pela companheirada -, seu depoimento seria transmitido em cadeia nacional e, certamente, já teria colocado muita gente atrás das grades. Ou provocada cassações.
     Por aqui, no entato, há sempre um Cândido Vaccarezza a postos para trocar mensagens indecentes com governadores inescrupulosos e a sair em defesa do indefensável. "Ao que me constra, o senhor Pagot não teve relação direta ou indireta com Cachoeira. Se tem denúncias de outrea natureza, não é a CPI que irá investigar", disse ao Globo, com a certeza da impunidade e a postura deplorável de sempre.
     Já escrevi recentemente. Repito: é um caso raro de testemunha de crime hediondo - e a roubalheira institucionalizada aos cofres públicos é um crime que deveria ser inafiançável - sendo escorraçada da delegacia, atirado na calçada a pontapés nos fundilhos. Tudo em nome da causa, do projeto de poder. É a exaltação da canalhice político-ideológica.
     É por isso, também, que essa gente tem tanto pavor de ouvir falar em impeachment.

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