Eu sou do tempo em que a UNE, a velha representante dos estudantes brasileiros , participava da vida nacional com dignidade. Poderia errar os caminhos, pegar atalhos que se mostrariam, mais tarde, trilhas para despenhadeiros, mas era impulsionada por ideologias, vigor, esperança.
Já repórter, nos últimos anos da década de 1960, cobri reuniões e atos, acompanhei os movimentos libertários, as boas greves e passeatas.Todo o sentimento que faz a juventude ser determinante na renovação de uma nação.
Há algum tempo - algo em torno de nove anos - venho lamentando a inegável mudança de perfil da outrora combativa entidade, transformada num mero braço do Poder, vivendo de verbas públicas, vendendo o apoio e sua história em troca de mordomias.
A manchete de hoje de O Globo - "TCU investiga convênios da UNE com Governo Federal" - é um retrato descolorido de uma utopia atirada pela privada, em função de uma parceria deplorável. Nossa juventude - pelo menos a que, em tese, deveria liderar movimentos pela dignidade na vida pública - adota os vícios que seus antepassados combateram.
Desvio de dinheiro, notas fiscais falsificadas, mentiras e uma sabujice impensável nos velhos tempos. A UNE, hoje, é o espelho da mediocridade ideológica que se instalou no país, atrelada a conceitos ultrapassados, viciada nas vantagens concedidas aos poderosos, a que protesta a favor.
A UNE, lamento, é um mais um exemplo da deleteria contribuição da Era Lula à mediocrização e corrupção do Brasil.
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