Da série 'Manchetes esportivas de O Globo, que devem ser lidas dentro dos contextos nos quais se circunscrevem'. Vamos a elas e a eles (os contextos).
"Apesar da liderança, Vasco mantém os pés no chão". A terceira vitória consecutiva nas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, fato que não acontecia desde 1988, é relativizada com o uso - correto, é verdade - do advérbio que propõe, segundo Huaiss, "uma ideia oposta àquela expressa na outro enunciado".
Eu diria, sintetizando, que não poderia ser mais 'meia-boca', menos vibrante, obrigatório. Algo como se a equipe dissesse que "sabe que está na liderança, mas é por acaso, ainda é cedo", o que seria verdadeiro.
Já o título concedido ao Flamengo, que amarga uma de suas crises recorrentes e três empates em três jogos, é ao estilo global: "Heroi, Love prega discurso humilde no Fla". Há, como se vê, uma enorme preocupação em transformar algo que seria naturalmente ruim em alguma coisa palatável, para cima, heroica, especialmente quando o fantasma de Ronaldinho ainda paira sobre o clube.
Enquanto o Vasco "mantém os pés no chão", após três vitórias, o rival prega humildade, depois empates melancólicos, como se estivesse bradando: "Não podemos nos deixar influenciar por esses resultados maravilhosos. Devemos manter a humildade". E não podemos esquecer o complemente: o técnico Joel afirmando que em mais duas rodadas o time estará perfeito.
Antes de encerrar, quero reforçar o que já disse em outras ocasiões: assim como não tem culpa pelas recorrentes e históricas ajudas de suas senhorias, o clube da Gávea também não paga pelo espaço e alegorias que são concedidos no noticiário.
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