domingo, 17 de junho de 2012

Nada de novo no 'front' paulistano

     Não pode haver algo mais antigo (talvez só a candidatura de José Serra, pelo PSDB) do que a presença da deputada federal Luíza Erundina (PSB-SP) na chapa do petista Fernando Haddad - que se apresenta como um fato 'novo' - à prefeitura de São Paulo. Expurgada do PT há alguns anos, a ex-prefeita paulistana desembarca na campanha com a missão de dar uma cara ideológica - por mais ultrapassada que seja - a um candidato que continua mergulhado em pífios 3% e que tem, a seu - digamos - 'favor' apenas o fato de ser o eleito do ex-presidente Lula.
     Pois resume-se a isso - ser o 'escolhido' - o potencial político do ex-ministro das Educação que desmoralizou o Enem e tentou criar uma nova língua portuguesa, repleta de "nós vai" , "a gente vamos" e "a maioria foram", à semelhança do idioma falado pelos principais líderes de seu partido.
     A deputada - inegavelmente séria e decente - chega à corrida eleitoral, entretanto, carregando um pacote de inconsistências e expressões que recendem a naftalina. À Folha, além de criticar o slogan petista, que tenta jogar o 'novo' contra o 'velho' (ela, assim como a pretertida senadora Marta Suplicy, na qualidade de uma senhora de razoável idade e anos de labuta política, acha que é preconceituoso), sacou do manual de frases feitas há quase um século uma definição que, em mim, provoca irresistíveis sorrisos: "É um coletivo que vai definir a agenda", disse, referindo-se à sua participação na campanha, que - prometeu - vai fugir à "caretice".
     E, aqui, vale abrir parênteses retóricos: a indicação de Fernando Haddad para disputar a prefeitura é o exemplo mais acabado da negação do tal 'coletivo'. Foi uma decisão pessoal e intransferível do guru de Garanhuns, enfiada goela abaixo do partido e, em especial, da senadora Marta Suplicy.
     Mas vamos a outra decisão 'coletiva': a participação do deputado federal Paulo Salin Maluf, do PP, nesse moderno projeto. A questão não foi colocada assim, com uma - reconheço - dose alta de ironia. A Folha foi mais gentil, mas lembra a divergência histórica entre ela e seu novo parceiro de campanha. A deputada saiu pela tangente - no estilo nem sim, nem não; muito pelo contrário. Foi um exercício de diversionismo que merece ser transcrito:
     - Esse é um problema de governos de coalizão. Eu tenho outra concepção de governo. Por mais que tenhamos dificuldades, se isso significar alguma restrição ao seus compromissos, eu acho que tem um preço que não vale a pena pagar por ele. 
     Sensacional. A arte de não dizer e desdizer, ao mesmo tempo. A mesma que vem sendo usada à exaustão pela companheirada para justificar a enorme promiscuidade com personagens como os ex-presidentes Fernando Collor e José Sarney; senadores como Renan Calheiros; e o próprio Paulo Maluf, todos comensais do Palácio do Alvorada, nessa inefável Era Lula.

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