segunda-feira, 18 de junho de 2012

Lula e Maluf, a cara da indignidade política

     Imagino o enorme esforço semântico, as contorções ideológicas, as teses político-sociológicas que devem estar sendo desenvolvidas pela 'esquerda' brasileira para justificar, para ela mesma, a cena que marcou o dia de hoje: o inimputável ex-presidente Lula, o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, e Paulo Salin Maluf aos beijos e abraços metafóricos, na residência de um dos maiores símbolos da 'direita', um sobrevivente da Ditadura, presença marcante na lista de procurados da Interpol, inimigo visceral de tempos passados, símbolo de todos os males.
     Olho para a foto, estampada, entre outros, por Veja, e - confesso - não resisto a algumas gargalhadas contidas. Essa é a cara do PT, de seu guru, do que se convenciona chamar de 'esquerda', uma turma que assalta cofres públicos e sobrevive de financiamentos ilícitos de campanha e mordomias. Leonel Brizolla - vou me permitir citar o falecido ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul -, há muito tempo, diagnosticara: Lula é capaz de pisar no pescoço da mãe para conseguir o poder.
     No pescoço materno e no que ainda poderia restar de dignidade na companheirada. Para alcançar seus objetivos - sejam eles 'politicos' ou criminais, como no caso da chantagem para postergar o julgamento do Mensalão -, o ex-presidente e seus parceiros sempre ignoraram fronteiras do comportamento decente, atropelaram dignidades, mentiram, adulteraram, forjaram.
     Fizeram isso a vida toda, confiando e apostando na ignorância da população e na conivência de um grupelho de 'intelectuais' - eles se acham, pelo menos -, saudosos da Guerra Fria; do Muro de Berlim; viúvos de Stalin e Mao; idólatras de regimes e personagens criminosos, como Fidel Castro; reverentes a simplórios aprendizes de ditador, como Hugo Chávez; solícitos com meros assassinos, como os presidentes do Irã e da Síria.
     O discurso vagabundo e demagógico contra o 'imperialismo' e a favor dos pobres e oprimidos (como se alguém decente fosse contra os menos favorecidos) - eles sabem disso - funciona em um país sem memória e escolaridade. Foi assim que a Era Lula se estabeleceu nessa pobre República. Comprando consciências, massacrando a história, negociando pequenos subornos, como o faziam e ainda fazem os 'coroneis' do sertão, distribuindo dentaduras retóricas.
     A deputada Luíza Erundina (PSB-SP), virtual parceira de Fernando Haddad na disputa pela prefeitura paulistana, saltou desse trem estabanado. À Veja, disse que vai rever a decisão de compor a chapa com o eleito de Lula. Embora equivocada - na minha interpretação -, pelo menos exibiu o mínimo de decência que falta ao conjunto liderado pelo PT. Para ela, o ingresso de Paulo Maluf na campanha, ao som de trombetas, é demais.
     E deixou isso bem claro: "É constrangedor ver Lula e Haddad na casa de Maluf celebrando essa aliança. No momento que instalamos a Comissão da Verdade para desvendar crimes das ditadura, o PT se alia a um dos tentáculos da ditadura militar", disse.
     Ela, pelo que se vê, não levou em consideração os alertas de Brizolla e todos os demais e recorrentes indícios da desqualificada atuação do partido do governo.

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