sábado, 2 de junho de 2012

De mãos dadas com a mediocridade

     Eventualmente ainda resvalo na tentação de procurar algo bom nesse tão conturbado período da nossa história recente. Impactado pela saída de Celso Amorim do ministério das Relações Exteriores (foi dar sua 'contribuição' à causa no Ministério da Defesa), comecei naturalmente a descobrir avanços na nossa política externa. Pior do que era, seria praticamente impossível. Comemorei o relativo pragmatismo; a eventual redução na ânsia verde e amarela de ser protagonista mundial, a todo custo; o fim do alinhamento sistemático com as piores ditaduras.
     Essa fase durou pouco. Continuamos mediocres, ressentidos e no passo errado. Um antigo companheiro de redações, Rosental Calmon Alves, postou hoje um lamento, referindo-se à decisão brasileira de, ao lado de Equador e Venezuela, enfraquecer a Relatoria Especial de Liberdade de Expressão, tema que está sendo tratado na Assembleia da OEA. Isso, depois de ter dado as mãos a Paquistão e Índia em uma investida contrária a um plano de ação da ONU para proteção de jornalistas.
     É a cara dessa infindável Era Lula, que tem na presidente Dilma Rousseff uma representante ideal, embora toda a maquiagem. A turma que está no poder há nove anos e meio odeia a liberdade de expressão, o trabalho livre de jornalistas. Para essa gente, lembro sempre, jornalismo bom é o praticado na China, Coreia do Norte e Cuba. A companheirada morre de saudades do velho Pravda. Na falta desses exemplos, rega revistas sem a menor expressão com substanciosas verbas públicas (algumas, mais capitais, têm a mais estonteante relação entre números de leitores e faturamento do mundo!).
     Não é de estranhar, portanto, que o atual ministro das Relações Exteriores, Antônuio Patriota, tenha comemorado a confirmação da presença, na Rio+20, agora, em junho, do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, um dos mais emblemáticos representantes do que há de pior no mundo. Não satisfeito, o sucessor de Celso Amorim minimizou a ausência, nessa mesmo encontro, de representantes dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Reino Unido.
     É o velho complexo de vira-latas, misturado ao cheiro de naftalina ideológica.

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