quinta-feira, 7 de junho de 2012

A 'democracia' petista

     A intervenção direta e arbitrária do ex-presidente Lula na definição de candidatos petistas a algumas prefeituras - São Paulo e Recife, em especial - exibe, sem sombras ou maquiagens, a face obscura de um partido que pratica o inverso do que prega - em todos os setores da vida pública -, como os fatos provam e comprovam.
     O recente atropelamento da indicação do candidato à prefeitura de Recife - com o afastamento do vencedor das prévias, o atual prefeito João da Costa, que tentaria a reeleição, e a entronização do senador Humberto Costa como o nome oficial - é apenas a última exibição de truculência, de desapego aos ritos democráticos tão cantados em versos de pé quebrado pelos representantes do que há de mais demagógico no cenário político nacional.
     Em São Paulo houve a mesma interferência de Lula na imposição do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, ignorando as tais bases que ele finge respeitar, mas que, de fato, pisoteia, calçado na sua inegável e - na minha visão - absolutamente injustificável popularidade, conseguida com base nos mais vulgares populismo e assistencialismo.
     Não se discute que essa tática deu certo na eleição da presidente Dilma Rousseff, um exemplar acabado de inexperiência e falta de carisma, alimentado por um muito bem elaborado projeto de marketing que a transformou na 'mãe do PAC', esse programa que nada fez de concreto e vem se mostrando tão camarada com a corrução institucionalizada, e, mais tarde, na personificação de outro factoide: a 'faxineira'.
     Essas duas realidades mostram, sem disfarce, o caráter autoritário e antidemocrático do PT, que segue o rito dos partidos comunistas que ainda sobrevivem no nosso mundo. Seus participantes têm, sim, toda a liberdade para aprovar o que o chefão manda. E que ninguém ouse discutir as decisões do 'politburo'. O PT é assim desde sempre. Não à toa, expulsou os então deputados federais Bete Mendes, Aírton Soares e José Eudes, por terem votado em Tancredo Neves, que morreu sem assumir, dando lugar a José Sarney (1985/1990).
     Liberdade, para essa gente, é dizer amém a todas as determinações oriundas da 'troika' liderada por Lula. Uma troika não necessariamente formada por três pessoas. Afinal, se o PT foi capaz de inventar uma língua parecida com a portuguesa, também pode inovar em russo.

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