segunda-feira, 11 de junho de 2012

Mensaleiros em ação

     Vejam bem como o roteiro - vagabundo e deletério - está sendo seguido à risca. Primeiro foi o inimputável ex-presidente Lula. Coube a ele lançar a mais recente campanha de descrédito das instituições em geral, para livrar seus comparsas, réus no julgamento do Mensalão, o maior assalto institucionalizado aos cofres públicos. Criou uma CPI destinada a levar os holofotes para antigos inimigos, como o ainda governador goiano Merconi Perillo, do PSDB, e o o senador Demóstenes Torres, do DEM, ambos merecedores - sem dúvida - da mais dura condenação.
     Mas Lula jamais esteve preocupado, de fato, com a Justiça. Ele pensava (se 'isso' é possível) em esvaziar o julgamento. Não deu certo. A CPI transformou-se em um monstro capaz de devorar não só adversários, mas luminares do governo e da tal base de apoio, aquela que eu chamo de sacos de gatos ideológico, onde cabe qualquer coisa, desde que garanta votos no Congresso.
     Não satisfeito, o mais medíocre e limitado presidente de toda a nossa história republicana partiu para a mais grave agressão às instituições registrada nos últimos tempos: chantagear ministros do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país, para adiar o julgamento de seus pares e - por óbvio - de seu próprio governo, o maior beneficiário da escândalo.
     O esperneio de José Dirceu, o "chefe da quadrilha", segundo a Procuradoria-Geral da República (para mim, ele é apenas o subchefe), já era esperado. Ele sabe que pode sair do Tribunal direto para a cadeia, onde já deveria estar há algum tempo. Aproveitando-se do conluio com militantes da União Nacional dos Estudantes, a UNE, comprados pelo governo, lançou formalmente uma campanha destinada a coagir a Justiça, ao conclamar o que ele entende por massas para sair às ruas em sua defesa, como se ainda estivéssemos nos anos 1970, e não em uma democracia plena, alcançada apesar dos esforços em contrário de seu grupo e do seu partido, que renegaram a Constituição de 1988 e negaram o voto a Tancredo Neves.
     Nessa cruzada, o ex-ministro da Casa Civil de Lula, seu braço direito, contou com o apoio do afoito prefeito carioca, Eduardo Paes, do PMDB, aquele jovem que começu no antigo PFL e passou pelo PSDB, antes de se encontrar definitivamente no partido marcado pelo adesismo ao poder, qualquer que seja ele. Paes, mergulhado na campanha pela reeleição, não mede esforços para agradar deuses e diabos, além de colunistas, pauteiros de muitas de suas estripulias.
     Agora foi a vez de outro símbolo petista chantagear o STF: o ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos - advogado de Carlinhos Cachoeira e de um dos réus do processo, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, acusado de colaborar na montagem do esquema de financiamento político que beneficiou o PT e seus aliados - , foi à luta para culpar a imprensa - quem mais? - pela onda de rejeição aos mensaleiros. Segundo ele, em entrevista a uma emissora paga, reproduzida pela Folha, os jornalistas teriam tomado partido na questão.
     Na sua insânia bem orquestrada, o caríssimo advogado (cobrou, ao que consta, R$ 15 mihões de Cachoeira) chegou a comparar o julgamento dos assaltantes de cofres públicos com o do casal Nardoni, aquele mesmo que foi condenado pelo assassinato de Isabela Nardoni, filha de Alexandre, de apenas cinco anos. Leiam a vigarice proferida pelo vibrante causídico, referindo-se aos Nardoni, mas pensando na companheirada "É um exemplo típico de um julgamento que não houve", disse. "Foi um justiçamento". Dificilmente alguém poderia ter escolhido argumento mais cretino, digno do mais caro advogado brasileiro de porta de xadrez.
     Particularmente, vejo tudo isso como um reflexo do desespero de quem sabe que será condenado, que não escapará impunemente. Impossibilitados de usar os métodos favoritos de suas referências histórias - prisão de 'dissidentes', empastelamento de jornais e censura pura e simples -, petistas e afins estrebucham. Outras - vamos chamar assim - manifestações certamente vão estourar regularmente. Fazem parte do esquema montado para extorquir a consciência da nação.

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