quinta-feira, 14 de junho de 2012

Flexibilidade teórica

     A presidente Dilma Rousseff não deve botar a mão no bolso para encher o tanque de um carro há muitos e muitos anos. Ministra de Lula, tinha carro oficial. Candidata, locomovia-se com tudo pago pelo partido. Presidente, é claro que não dirige, ou para em posto de abastecimento. Só por isso eu tendo a acreditar que ela não sabe o que está falando, quando se refere aos benefícios objetivos do etanol à matriz energética brasileira.
     Os dados que ela usa, é verdade, são corretos. Nossa gasolina chega a ter 23% de adição de álcool, o que reduz os impactos, sim. Mas o álcool combustível desapareceu dos tanques há muito tempo, pela inviabilidade do uso, causada pela relação custo-benefício, quando comparado à gasolina.
     O consumidor, por mais integrado ao esforço mundial pela preservação ambiental, naturalmente leva em conta o bolso, ao fazer sua opção pelo combustível. Essa é a realidade crua. O Governo, por absoluta falta de um programa de estímulo à produção, que oscila de acordo com o mercado internacional do açúcar, vem jogando para o espaço todo o investimento em tecnologia que resultou nos motores flexíveis, repetindo, ainda que em menor escala, é verdade, o fracasso do Pró-Álcool.
     É sintomático - e lamentável - que o país festeje algo que ajuda a destruir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário