sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma aprovação surpreendente

    Já confessei algumas vezes que só o fato de não ser mais obrigado a ver e ouvir diariamente as canastrices do ex-presidente Lula ampliou minha tolerância - eu não chegaria a classificar de simpatia - com a presidente Dilma Roussef. Qualquer coisa - até mesmo o nada - é preferível às cenas explícitas de destempero verbal, erros de concordância e manipulação de fatos do seu antecessor, repetidos à exaustão em aparições capazes de rivalizar com os mais vigaristas 'pastores eletrônicos'.
     Mesmo assim, no entanto, não deixo de me surpreender a cada rodada do Ibope sobre a percepção popular do atual governo. A última, que já está nos jornais, como O Globo, mostra que mais da metade (51%) dos entrevistados considera o Governo Dilma ótimo ou bom. Outros 34% dizem que ele é regular e apenas 11% cravaram no ruim ou péssimo. Isso quer dizer que a popularidade da presidente aumentou, em relação a agosto (os dados referem-se a setembro).
     É um fenômeno. Em nove meses, o atual governo limitou-se a apagar incêndios no primeiríssimo escalão, ateados pelas denúncias sobre corrupção desenfreada, tráfico de influência, enriquecimento inexplicado e outros delitos menos importantes.
     Não houve uma iniciativa digna de registro, excetuando-se o fato de Dilma ter sido a primeira-mulher-a-falar-na-abertura-da-Assembleia-Geral-da-ONU, algo que aconteceu por tradição, e não por méritos ou deferência. Se encerrasse hoje seu mandato, a presidente poderia repetir o presidente-tampão Pedro Aleixo e admitir que nada fez e nada deixa.
     A presidente chegou, mesmo, a ser derrotada nos 'embates' com o Congresso, apesar da desmoralização que atinge nossos políticos em geral. Talvez ainda seja o efeito do crédito farto e perigoso, do endividamente progressivo, da irresponsabilidade fiscal, da fantasia da faxina, que nunca existiu.
     Esse conjunto de não-feitos e defeitos - e a história está aí para mostrar-, no entanto, vai cobrar seu preço, mais cedo ou mais tarde. A inflação está em alta e o crescimento em baixa. Dois sintomas de uma doença difícil de ser controlada.

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