terça-feira, 6 de setembro de 2011

Crise de humanidade

     Normalmente eu me abstenho de comentar esse tipo de notícia, temendo cair no mais vulgar lugar comum, no texto politicamente correto, naquilo que tudo mundo quer ler. Mas esse caso está me fazendo mal há alguns dias, especialmente porque não consegui vislumbrar a comoção que seria de se esperar, a revolta natural.
     Estou falando (escrevendo) da absurda constatação de que quase dois milhões de pessas estão ameaçadas, de fato, de morrer de fome na Somália, mais um desses países africanos que parecem condenados à infelicidade coletiva, à miséria total, ao desencanto.
     A página de Veja de hoje destaca, sem ser manchete, que o risco real de morte atinge 1,5 milhão de crianças. Só nos últimos três meses, morreram de fome 29 mil crianças menores de cinco anos. As doações não conseguem chegar aos famintos, desviadas por gangues que agem livremente no país. Mogadíscio, a capital, nada mais é do que uma grande favela. Os campos de refugiados transformaram-se em infernos, onde falta tudo e sobram mulheres grávidas, vítimas de estupros.
     Não há compaixão. Relatos de enviados especiais exibem a face mais obscura do ser humano. A Somália é o resultado de séculos de exploração colonial, guerras tribais, disputas políticas e estupidez religiosa.

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