quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Água no chope

     O Jornal Nacional, da Rede Globo, comemorou muito mal, ontem, a conquista do Emmy, o 'Oscar do jornalismo'. Talvez tenha sido uma das piores edições dos últimos meses. Notícias pela metade, com informações incompletas e claramente incorretas; omissões indesculpáveis; e uma evidente manipulação de determinados fatos.
     Sem fazer muito esforço, lembro, de imediato, da matéria sobre as consequências da revolta de indígenas da Bolívia contra a construção de "uma estrada". Não é 'uma estrada' - e a TV Globo sabe disso. É 'A' estrada que está sendo financiada quase integralmente pelo governo brasileiro, através do BNDES; construída pela brasileira OAS; alvo de um descarado lobby do ex-presidente Lula; e um trunfo do presidente Evo Morales, para alimentar a produção de coca no país, pois abriria novas fronteiras para plantadores.
     Outra matéria apresentada de maneira pífia: a aprovação do PSD pelo TSE. Segundo a reportagem, "algumas" assinaturas do pedido de registro do novo partido teriam problemas. Não são algumas, e todos os que acompanham o noticiário sabem disso: são milhares. E mais: durante as investigações, promotores denunciaram uma indústria de captação de assinaturas, que cobra R$ 5,00 por exemplar. No meio do pacote verdadeiro, um enorme bolo de nomes que não correspondem aos documentos citados. O TSE entendeu que esses fatos não invalidariam o registro. Eu concordo, mas devem ser divulgados.
     Jornalismo, premiado ou não, tem um compromisso com o público: apresentar as informações sem a maquiagem exigida aos brilhantes repórteres e apresentadores.

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